O AVE é uma ameaça à
qualidade de vida na velhice não só pela sua elevada incidência e mortalidade,
mas também pela alta morbilidade que causa, implantando-se frequentemente em
pessoas já com problemas físicos e/ou mentais, Também afeta na sua maioria aos
idosos, mas existe uma percentagem de 20% dos AVE’s que ocorre em indivíduos
abaixo dos 65 anos. É uma patologia que atinge mais a raça negra, especialmente
a faixa etária mais jovem.
O AVE anteriormente
chamado de AVC resulta da deficiência de irrigação sanguínea ao cérebro,
causando gravíssimas lesões celulares e danos nas funções neurológicas levando
a vitima muitas vezes ao óbito ou sequelas em sua maioria irreversível.
É uma manifestação,
muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de origem arterial:
espasmo, isquemia, hemorragia, trombose.
Os tipos de acidente
vascular cerebral são:
- Isquêmico (AVEI) – É o
tipo mais comum, responsável por 80 % dos casos. Os sintomas surgem de repente
e dependem da área afetada. No acidente isquêmico transitório, os sintomas são
passageiros.
- Hemorrágico (AVEH) –
Representa 20 % dos casos. Seus sintomas incluem dor de cabeça muito forte, que
surge de repente e pode vir acompanhada de perda de força e sonolência.
E os subtipos são:
-
Isquêmico: (lacunar trombótico e embólico) - Ocupa 40%
dos AVE’s e é causado pela aterosclerose (placa de gordura na parede arterial)
– trombose cerebral. Há o desenvolvimento de um trombo (coágulo de sangue) no
interior das artérias cerebrais ou dos seus ramos, originando infarto ou
isquemia. Já o embólico ocupa 30% dos AVE’s e é criado por êmbolos cerebrais.
São pequenas porções de matéria como trombos, tecido, gordura, ar, bactérias ou
outros corpos estranhos, que são liberados na corrente sanguínea e que se
deslocam até às artérias cerebrais, produzindo oclusão ou enfarto (doenças
cardiovasculares). Enquanto que o lacunar ocupa 20% dos AVC’s e é ocasionado
por enfartes muito pequenos com menos de 1 cm cúbico de tamanho, que ocorrem
somente onde arteríolas perfurantes se ramificam diretamente de grandes vasos.
É comum o défice motor puro ou sensitivo puro.
-
Hemorrágico: (cerebral (intracerebral) e meníngeo
(subaracnóíde)) - Acontece em 10% dos AVE’s e ocorre devido à ruptura de um
vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele se rompa devido à
hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnóidea. Em ambos os
casos, a falta de suprimento sanguíneo causa enfarto na área suprida pelo vaso
e as células morrem.
As causas mais comuns são
os trombos, embolismo e a hemorragia.
Apresenta-se como a 2ª
causa de morte no mundo. O AVE é a principal causa de incapacidade neurológica
dependente de cuidados de reabilitação e a sua incidência está relacionada com
a idade.
As manifestações clínicas
subjacentes a esta condição incluem alterações das funções motora, sensitiva,
mental, perceptiva, da linguagem, embora o quadro neurológico destas alterações
possa variar muito em função do local e extensão exata da lesão.
Sinais
e sintomas:
-
Dormência e fraqueza
-
Confusão ou alteração no estado mental
-
Problemas com a fala
-
Distúrbios visuais
-
Dificuldades em caminhar, tonteira,
perda de equilíbrio ou coordenação motora
-
Cefaleia intensa súbita
-
Vômitos
-
Crises convulsivas
Os fatores de risco
aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVE, no entanto, muitos deles
podem ser minimizados com tratamento médico ou mudança na qualidade de vida. Os principais fatores de risco para
a manifestação de um AVE são: idade, patologia cardíaca, a diabetes mellitus,
aterosclerose, hereditariedade, raça, contraceptivos orais, antecedentes de
acidentes isquêmicos transitórios (AIT) ou de acidentes vasculares cerebrais,
hipertensão arterial, dislipidemia, sedentarismo, elevada taxa de colesterol (
HDL e LDL ) e predisposição genética.
Quanto maior for o número
de fatores de risco maior será a probabilidade de este vir a ter um AVE.
Quando a lesão é no
Hemisfério Esquerdo (Hemiplegia Direita) ocorrem afasias, apraxias ideomotoras
e ideacionais, alexia para números, descriminação direito-esquerda e lentidão
em organização e desempenho.
Quando é no Hemisfério
Direito (Hemiplegia Esquerda) ocorre alteração viso espacial, auto negligência
unilateral esquerda, alteração da imagem corporal, apraxia de vestuário,
apraxia de construção, ilusões de abreviamento de tempo e rápida organização e
desempenho.
A sintomatologia depende
da localização do processo isquêmico, do tamanho da área isquêmica, da natureza
e funções da área atingida e da disponibilidade de um fluxo colateral.
As principais sequelas
provenientes de um AVE são os défices neurológicos que se vão refletir em todo
o corpo, uni ou bilateralmente, como consequência da localização e da dimensão
da lesão cerebral, podendo apresentar como sinais e sintomas perda do controlo
voluntário em relação aos movimentos motores, sendo a disfunção motora mais
comum, a hemiplegia (devido a uma lesão do lado oposto do cérebro); a hemiparesia
ou fraqueza de um lado do corpo é outro sinal.
Existindo assim um
comprometimento ao nível das funções neuromuscular, motora, sensorial,
perceptiva e cognitiva/comportamental.
Função Sensorial:
A sensibilidade
frequentemente sofre prejuízos, mas raramente está ausente do lado hemiplégico.
São comuns as perdas proprioceptivas, exercendo significativo impacto sobre as
habilidades motoras. Também são comuns a perca do tato superficial, dor e
temperatura, contribuindo para uma disfunção perceptiva geral e para o risco de
autolesões.
O (a) enfermeiro (a) deve avaliar
o paciente utilizando também a escala de Cincinati.
Interpretação
da escala:
1
achado = 72 % de avc
2
achados = 85 % de avc
O diagnostico inicial é feito através
de tomografia computadorizada sem contraste, realizado em caráter de
emergência, visando determinar se o evento é isquêmico ou hemorrágico.
Tratamento:
Em geral, o tratamento inclui reabilitação física,
dieta e fármacos para reduzir os fatores de risco, e em alguns casos, cirurgia (endarterectomia - retirada da placa aterosclerótica da artéria carótida) e cuidados que ajudem ao cliente a adaptar-se a déficits específicos. Os
fármacos utilizados são:
- Anticonvulsivantes como fenobarbital ou fenitoína;
- Emolientes fecais, para evitar esforço ao
defecar;
- Corticóides para diminuir o edema cerebral;
- Anticoagulantes como heparina, warfarina, e acido
acetilsalicílico (AAS) em AVC relacionado a trombo ou embolo;
- Analgésicos em caso de cefaleia por AVC hemorrágico;
- Dipiridamol que reduz a agressão plaquetária.
Novos tratamentos:
Atualmente existem mais novidades
na prevenção e tratamento do tipo mais comum de derrame (AVC), o isquêmico,
causado pela obstrução do aporte de sangue para o cérebro:
- Stent: A mesma prótese utilizada
para a desobstrução das artérias coronárias é usada com sucesso para o desentupimento
da artéria carótida, a principal responsável pelo transporte de sangue para o cérebro.
- Merci Retriever: Um cateter com
uma estrutura espiralada na ponta funciona como uma espécie de saca-rolhas, na
retirada de coágulos que obstruem as artérias cerebrais.
- Doppler transcraniano: Trata-se
de um exame de ultrassom capaz de fotografar o cérebro. Pesquisas recentes
sugerem que o exame, que usa ondas sonoras para fazer imagens do cérebro, pode
ter efeito terapêutico quando associado a medicamentos, para dissolver os coágulos.
- Transplante de células tronco: Células
tronco retiradas da medula do próprio paciente e, colocadas na região cerebral
afetada pelo derrame, poderiam reduzir a morte de neurônios na área afetada. O
primeiro transplante desse tipo foi feito com sucesso no Brasil.
Alguns cuidados que a pessoa que já passou por um
AVC, pode ter para tentar, se possível, evitar um novo derrame:
- Diminuir a ingestão de sal.
- Consultar um nutricionista para indicar uma dieta
específica para quem já teve AVC.
- Verificar se possível, diariamente a sua pressão
arterial.
- Manter sob controle a taxa de colesterol.
- Se tiver problemas cardíacos, deve consultar o
cardiologista regularmente.
- Evitar aborrecimentos.
- Parar de fumar.
- Evitar o stress.
- Fazer check-up regularmente.
- Manter períodos de repouso.
- Andar regularmente caso não haja restrições
médicas ou físicas.
- Faz-se uso de medicação tomar regularmente
conforme prescrição médica.
- Se sentir os sintomas parecidos com o primeiro
AVC, mantenha a calma, sente-se, informe ou telefone a uma pessoa próxima
o que está acontecendo, e se possível ligue para o médico que o acompanha; se
for indicado siga para o hospital, nunca sozinho, sempre acompanhado e informe
ao plantonista o seu histórico médico.
Obs: A recorrência de um novo AVC pode ser prevenida se
a pessoa estiver sempre atenta aos fatores de risco que podem desencadear um
novo AVC. Consultando o seu neurologista regularmente você pode
evitar muitos problemas e em muitos casos quando se tem um novo AVC
as complicações e as sequelas são muito mais graves.
Assistência a paciente
com sequelas de AVC:
·
Fisioterapia: para melhorar a mobilidade;
realização de exercícios; melhora da postura.
·
Fonoaudiologia: para melhorar os distúrbios da
fala.
·
Se o paciente ainda é incapaz de andar, deve-se
providenciar uma cadeira de rodas e ensinar o paciente a utilizá-la.
·
Apoio psicológico é fundamental.
·
Orientar à família quanto à necessidade de centro
de reabilitação.
·
Consultar regulamente o neurologista.
·
Apoio psicoterápico.
·
Incentivar o paciente a tornar-se autossuficiente.
·
Providenciar uma bengala ou um apoio para que o
paciente deambule.
·
Manter o ambiente calmo e agradável.
·
Tente trabalhar com sinais caso o paciente não
consiga se expressar.
·
Pedir aos familiares para que não façam perguntas
sobre a doença.
Obs.: O enfermeiro ou o técnico em enfermagem deverá preparar o paciente para cirurgia (endarterectomia) caso haja indicação.
Cuidados com o paciente
de AVC no seu domicílio:
·
Devem-se instalar barras de segurança no banheiro e
no chuveiro.
·
Caso o paciente fique com dificuldade ao andar, devem-se
instalar barras de segurança no corredor.
·
Colocar grades de segurança na cama, caso haja
necessidade.
·
Retirar tapetes para evitar acidentes, muitos
pacientes têm dificuldade de locomoção.
·
Providenciar um quarto na parte baixa da casa, caso
o quarto do paciente fique no andar superior da casa, para que se evitem
acidentes ao descer e subir a escada.
·
Orientar as crianças da casa sobre as novas
condições do familiar.
·
Se houver a necessidade do paciente se locomover em
cadeira de rodas, deve-se adaptar a casa à nova condição.
·
Caso o acesso a casa ou apartamento tenha que ser
feito através de escada com muitos degraus, deve-se ver a possibilidade de
mudança de casa. A pessoa que teve um AVC não deve se possível, subir muitos
degraus.
Prescrição de Enfermagem
1- Realizar exercícios passivos nos membros afetados. Fazer os
exercícios lentamente, para permitir que os músculos tenham tempo de relaxar e
apoiar extremidades acima e abaixo da articulação para prevenir lesões nas
articulações e nos tecidos;
2- Durante os exercícios, os braços e as pernas do cliente devem ser
movimentados delicadamente no limite de sua intolerância à dor e realizar o
exercício lentamente, permitindo o relaxamento muscular;
3- Ensinar o cliente a realizar exercícios ativos nos membros não
afetados, no mínimo quatro vezes por semana;
4- Apoiar as extremidades com travesseiros, para evitar ou reduzir o
edema;
5- Posicionar em alinhamento para prevenir complicações. •Usar apoio
para os pés;
• Evitar períodos prolongados sentado ou deitado na mesma posição;
•Mudar a posição das articulações do ombro a cada 24 horas;
•Apoiar a mão e o punho em alinhamento natural;
•Usar talas de mão e pulso.
6- Proporcionar mobilização progressiva;
• Auxiliar lentamente para a posição sentada;
• Permitir que as pernas fiquem suspensas sobre a lateral da cama por
alguns minutos antes de ficar em pé;
• Limitar em 15’, três vezes por dia as primeiras saídas da cama;
• Aumentar o tempo fora da cama em 15’ conforme o tolerado;
• Evoluir para a deambulação com ou sem auxílio;
• Encorajar a deambulação por períodos curtos e frequentes;
• Aumentar progressivamente as caminhadas a cada dia.
7- Programar as precauções de segurança;
• Proteger as áreas com sensibilidade diminuída dos extremos de frio e
calor;
• Orientar quanto às complicações da imobilidade:
-Flebite;
-Escara de decúbito;
-Comprometimento neuro vascular.
8- Auxiliar nos cuidados diários como higiene geral, vestir-se,
alimentar se.
9 – Administrar medicações conforme prescrição medica;
10 – Aferir sinais vitais.
Enfermagem é a arte de cuidar e a
ciência cuja essência e especificidade são o cuidado ao ser humano,
individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico,
desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção, proteção,
prevenção, reabilitação e recuperação da saúde.
Mais uma vez espero ter ajudado com estas informações. Um abraço e até a próxima postagem!
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