Sejam Bem vindos!

"Confie no Senhor e faça o bem, assim habitará a terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e Ele atenderá os desejos de seu coração.Entregue seu caminho ao Senhor; confie nEle e Ele agirá."

Salmos 37:3-5


quarta-feira, 18 de março de 2015

Tuberculose no Brasil


Terceira causa de mortes por doenças infecciosas no Brasil, a tuberculose atinge aproximadamente 3.500 pessoas por ano no Pará. Os dados, de 2013, colocam o estado no topo do ranking de casos na região Norte e, com 42,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, em quinto em todo o país, segundo o Programa Estadual de Combate à Tuberculose.
A taxa de cura encontra-se em 73,1%, com abandono de tratamento em 9,7% e 2,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Em relação ao tipo resistente da doença, foram registrados 409 casos no país em 2014, dos quais 25 só no Pará, que possui sete dos 181 municípios brasileiros considerados prioritários pelo Ministério de Saúde para frear a transmissão: Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Bragança, Castanhal, Marituba e Santarém.
Segundo o Ministério da Saúde, o Pará acompanha a média nacional e confirma que o Brasil é o 16º entre os 22 países listados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por concentrarem 80% da carga mundial de tuberculose. Em 2013, foram notificados 73 mil casos novos da doença em todo o país.
Fonte: Diário do Pará (15 de março de 2015).

Tuberculose é uma doença contagiosa potencialmente fatal que pode afetar quase qualquer parte do corpo, mas é principalmente uma infeção dos pulmões. É causada por um microrganismo bacteriano, o bacilo da tuberculose o Mycobacterium tuberculosis. Embora a tuberculose possa ser tratada e curada, pode ser evitada se as pessoas em risco tomarem certos medicamentos, os cientistas nunca chegaram perto de destruí-la. Poucas doenças têm causado tanta angustia durante séculos e custado a vida de tantos.

É uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões.

Anualmente são notificados cerca de 6 milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. O surgimento da AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose resistente aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário.
No Brasil, a tuberculose é sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais.


Nos últimos 17 anos, a tuberculose apresentou queda de 38,7% na taxa de incidência e 33,6% na taxa de mortalidade.  A tendência de queda em ambos os indicadores vem-se acelerando ano após ano em um esforço nacional, coordenado pelo próprio ministro da saúde, o que pode determinar o efetivo controle da tuberculose em futuro próximo, quando a doença poderá deixar de ser um problema para a saúde pública.(Fonte: Ministério da Saúde - 2013).

Os seus sintomas iniciais são facilmente confundidos com os de outras doenças. Uma pessoa infectada pode, em primeiro lugar, sentir-se razoavelmente bem ou desenvolver uma tosse e culpar o tabaco ou uma constipação (resfriado). Uma pequena quantidade de expetoração verde ou amarela pode ser expelida quando a pessoa levanta-se pela manhã. Com o tempo, mais muco é produzido e fica banhado de sangue. Pessoas com tuberculose pulmonar não tem febre alta, mas muitas vezes tem sintomas ligeiros de febre. Podem acordar à noite encharcadas com suores frios, quando há quebras de febre. O paciente muitas vezes perde o interesse na comida e pode perder peso. Às vezes está presente dor no peito. Se a infeção permite que o ar escape dos pulmões para a cavidade torácica (pneumotórax) ou existe uma coleta de líquido no espaço pleural (derrame pleural), o paciente pode ter dificuldade em respirar.

Em crianças menores de 10 anos as manifestações clínicas podem variar bastante. O achado clínico que chama a atenção na maioria dos casos é a febre, habitualmente moderada, persistente por 15 dias ou mais e frequentemente vespertina. São comuns irritabilidade, tosse, inapetência, perda de peso e sudorese noturna. Muitas vezes, a suspeita de tuberculose em crianças surge com diagnóstico de pneumonia sem melhora com o uso de antimicrobianos para germes comuns.

O principal reservatório da tuberculose é o ser humano. Outros possíveis reservatórios são gado bovino, primatas, aves e outros mamíferos. No Brasil, não existem estimativas sobre a proporção de pacientes com tuberculose causada pelo M. bovis.  No entanto, é importante que o sistema de saúde esteja atento à possibilidade de ocorrência desse evento.

Populações vulneráveis:               Tempo de tosse:
- Indígenas                                    Duas semanas ou mais     
- Pessoas privadas de liberdade               "
- Idosos                                                "     
- Pessoas que vivem com               Independente do tempo
  HIV/AIDS                                    de sintoma
- Pessoas em situação de                         "                   
  rua

Modo de transmissão:
A tuberculose espalha-se por uma infecção de gotículas. Este tipo de transmissão significa que quando uma pessoa com tuberculose ativa expira, tosse ou espirra, gotículas de líquido (perdigoto) contendo bacilos são lançados no ar. Esta névoa ou aerossol, são denominadas de bacilíferas e podem ser levadas para as vias nasais e pulmões de uma pessoa suscetível próxima.

As formas bacilíferas são, em geral, a tuberculose pulmonar e a laríngea. Calcula-se que, durante um ano, numa comunidade, um indivíduo que tenha baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão da doença. Claro que, se um paciente infetado severamente emite um grande número de bacilos, a possibilidade de transmissão de infeção é muito maior. 
A exceção mais importante é a gravidez. O feto de uma mãe infetada pode contrair tuberculose por inalação ou ingestão do bacilo no líquido amniótico.

Período de incubação:
Embora, o risco de adoecimento seja maior nos primeiros dois anos após a primeira infecção, uma vez infectada a pessoa pode adoecer em qualquer momento de sua vida.

Progressão da doença:
Uma vez inalado, bacilo da tuberculose pode atingir os alvéolos nos pulmões, onde são tomadas pelas células chamadas macrófagos. Os bacilos multiplica-se dentro destas células e então se espalham através dos vasos linfáticos para linfonodos próximos. Às vezes os bacilos movem-se através dos vasos sanguíneos para órgãos distantes. Neste ponto, eles podem manter-se vivos, mas inativo (quiescente), ou podem causar a doença ativa. Danos teciduais reais não são causados diretamente pelo bacilo da tuberculose, mas pela reação dos tecidos da pessoa para a sua presença. Numa questão de semanas o hospedeiro desenvolve uma resposta imunitária ao bacilo. Células atacam o bacilo, permitem que o dano inicial para curar e prevenir futuras doenças de forma permanente.

Infeção nem sempre significa doença, na verdade, geralmente não o é. Pelo menos 9 dos 10 pacientes que são portadores de tuberculose não desenvolvem sintomas ou evidência física de doença ativa, e as suas radiografias permanecem negativas. Não são contagiosos, no entanto, eles formam um grupo de pacientes infectados que podem adoecer numa data posterior e em seguida, passar a tuberculose para os outros.

Período de transmissibilidade:
A transmissão da tuberculose é plena enquanto o indivíduo estiver eliminando bacilos. Com o início do esquema terapêutico adequado, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias de tratamento chega a níveis insignificantes. No entanto, o ideal é que as medidas de controle de infecção pelo M. tuberculosis sejam implantadas até que haja a negativação da baciloscopia. Crianças com tuberculose pulmonar geralmente são negativas à baciloscopia.

Tuberculose extrapulmonar

Embora os pulmões sejam os principais locais de danos causados pela tuberculose, muitos outros órgãos e tecidos do corpo podem ser afetados. A progressão usual é para que a doença se espalhe dos pulmões para locais fora dos pulmões (sítios extrapulmonares).
A forma extrapulmonar ocorre mais comumente em pessoas que vivem com o HIV/AIDS, especialmente entre aquelas com grave comprometimento imunológico.

Os muitos tecidos ou órgãos que a tuberculose pode afetar incluem:

Ossos:
A tuberculose é particularmente susceptível ao ataque à coluna vertebral e as extremidades dos ossos longos. As crianças são particularmente propensas à tuberculose espinhal. Se não for tratada, os segmentos da coluna vertebral (vértebras) podem entrar em colapso e causar paralisia em uma ou ambas as pernas.

Rins:
Junto com os ossos, os rins são provavelmente o local mais comum da tuberculose extrapulmonar. Pode, no entanto, serem poucos os sintomas ainda que uma parte de um rim seja destruído. a tuberculose pode-se espalhar para a bexiga. Nos homens, pode-se espalhar para a próstata e estruturas próximas.

Órgãos reprodutores femininos:
Os ovários em mulheres podem ser infetados; a tuberculose pode espalhar-se a partir deles para o peritônio, que é a membrana que reveste a cavidade abdominal.

Cavidade abdominal:
Peritonite tuberculosa pode causar dor que vai desde o desconforto de dores de estômago a dor intensa que pode imitar os sintomas de apendicite.

Articulações:
Infecção tuberculosa das articulações faz com que uma forma de artrite, afete frequentemente as ancas e joelhos. O punho, mão e cotovelo também podem se tornar dolorosos e inflamados.

Meninges:
As meninges são tecidos que cobrem o cérebro e a medula espinhal. A infeção das meninges pelo bacilo da tuberculose causa meningite tuberculosa, uma condição que é mais comum em crianças mais jovens, mas é especialmente perigosa em idosos. Os pacientes desenvolvem dores de cabeça, sonolência e eventualmente, ficam em coma. Danos cerebrais permanentes é a regra, a menos que seja dado tratamento imediato. Alguns pacientes com meningite tuberculosa desenvolvem uma massa de tumor cerebral, chamado de tuberculoma que pode causar sintomas semelhantes a um acidente vascular cerebral.

Vasos da pele, intestinos, glândulas supra-renais, e sangue:
Todas estas partes do corpo podem ser infectadas pela tuberculose. Infecção da parede da artéria principal do corpo (a aorta) pode causar a sua ruptura com resultados catastróficos. Pericardite tuberculosa ocorre quando a membrana que envolve o coração (pericárdio) está infectada e enche-se de fluido que interfere com a capacidade do coração para bombear o sangue.

Tuberculose miliar é uma condição potencialmente fatal que ocorre quando um grande número de bacilos da tuberculose espalha-se por todo o corpo. Um grande número de pequenas lesões tuberculosas desenvolve-se, causando fraqueza e perda de peso, anemia severa.

Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados, principalmente, os seguintes exames:

Baciloscopia direta:

A pesquisa do bacilo álcool-ácido-resistente (baciloscopia) é, atualmente, a técnica mais utilizada no Brasil, não apenas para o diagnóstico, mas também para o controle do tratamento. Desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos, com resultado em até 48 horas.
Cultura para micobactéria com identificação de espécie:

A cultura, o método “padrão ouro” para o diagnóstico da tuberculose, quando associada ao teste de sensibilidade antimicrobiana, permite o diagnóstico da tuberculose resistente. Além disso, nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura de escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença.
O PNCT (Programa Nacional de Controle à Tuberculose) recomenda a realização de cultura com teste de sensibilidade principalmente para populações consideradas de maior risco de albergarem bacilo resistente, como: pacientes com tratamento prévio; pessoas que vivem com HIV/AIDS, contatos sintomáticos de pessoas com tuberculose resistente e populações consideradas especiais para o programa.

Teste rápido para tuberculose:

O método tem a mesma lógica dos testes feitos para verificação do vírus HIV, com o uso da saliva. No caso da tuberculose, no entanto, a amostra usada na testagem rápida é colhida de uma cultura bacteriológica, por isso ainda há a necessidade de ser feito em laboratório.
O objetivo deste exame é alertar a população sobre a gravidade da doença quando não tratada corretamente e da importância de se completar o tratamento, evitando a disseminação da doença. As ações são alusivas ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, comemorado no próximo dia 24.
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), unidade da Secretaria da Saúde, foi habilitado pelo Ministério da Saúde para ser o coordenador da realização do teste rápido de tuberculose. Com a habilitação, fica responsável pelo treinamento e supervisão do serviço no Estado. O teste é feito através do equipamento Gene Xpert, apto a emitir diagnóstico laboratorial da doença em apenas duas horas, agilizando assim o tratamento dos pacientes bacilíferos.
Teste anti-HIV:

Considerando a magnitude e as sérias implicações da co-infecção TB/HIV, recomenda-se que o teste anti-HIV seja oferecido o mais cedo possível a todo indivíduo com diagnóstico estabelecido de tuberculose, independentemente da confirmação bacteriológica.
O profissional de saúde deve abordar com o paciente a possibilidade de associação das duas infecções e os benefícios do diagnóstico e tratamento precoces da infecção pelo HIV, por meio do aconselhamento pré-teste.
Independentemente do resultado da testagem, o aconselhamento pós-teste deve ser realizado. Caso o exame seja positivo, a pessoa deve ser encaminhada a um serviço de atenção especializada a pessoas vivendo com o HIV/AIDS (SAE) mais próximo de sua residência para dar continuidade ao tratamento da tuberculose e iniciar tratamento de HIV/AIDS, conforme indicado.

Radiografia de tórax:

A radiografia de tórax é método diagnóstico de grande importância na investigação da tuberculose e deve ser solicitada para todo paciente com tiver suspeita clínica de tuberculose pulmonar. Ela tem como funções principais excluir outra doença pulmonar associada, que necessite de tratamento concomitante, avaliar a extensão do acometimento e a evolução radiológica dos pacientes, sobretudo naqueles que não respondem ao tratamento contra a tuberculose.

Diagnóstico da ILTB (Infecção Latente de tuberculose) com prova tuberculínica:

É particularmente importante na avaliação de contatos assintomáticos de pessoas com tuberculose e em pessoas vivendo com o HIV/AIDS, uma vez que é utilizada, em adultos e crianças, no diagnóstico de infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB). Na criança também é muito importante como método coadjuvante para o diagnóstico da TB.

Tratamento:

A tuberculose é uma doença curável em praticamente 100% das novas ocorrências, desde que a pessoa seja sensível aos medicamentos anti tuberculose, que sejam obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa (associação medicamentosa adequada, doses corretas e uso por tempo suficiente) e que haja a adequada operacionalização do tratamento. A esses princípios, soma-se o tratamento diretamente observado (TDO) da tuberculose, que consiste na observação diária da tomada dos medicamentos por um profissional da equipe de saúde ou por alguém por ele supervisionado.
O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses e, nesse período o estabelecimento de vínculo entre profissional de saúde e usuário é fundamental para que haja adesão do paciente ao tratamento e assim reduzir as chances de abandono para se alcançar a cura.
O paciente deve ser orientado, de forma clara, quanto às características da tuberculose e do tratamento a que será submetido: medicamentos, duração e regime de tratamento, benefícios do uso regular dos medicamentos, possíveis consequências do uso irregular dos mesmos e eventos adversos.
É importante lembrar que tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de cepas resistentes aos fármacos.
O tratamento para a tuberculose extra-pulmonar também é feito com a toma diária de antibióticos que pode demorar de 18 meses a 2 anos.

Tratamento medicamentoso da tuberculose

Para o tratamento medicamentoso da tuberculose sugere-se:
  • Nos 2 primeiros meses: 1 comprimido diário de Coxcip 4, que é composto por: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, e
  • Últimos 4 meses: rifampicina + isoniazida.
O tratamento deve ser continuado mesmo depois dos sintomas terem desaparecido, para garantir a completa eliminação do bacilo e por isso se o médico indicou a toma dos remédios por 6 meses ou 2 anos deve-se tomar o remédio todos os dias, sempre na mesma hora até que o médico diga que já pode parar.
A maioria das pessoas serão tratadas pelos esquemas padronizados e receberão o tratamento e acompanhamento na atenção básica.

Prevenção da tuberculose:

A prevenção das formas mais graves da tuberculose pode ser feita com uma dose da vacina BCG ao nascer, mas, além disso, recomenda-se evitar o contato com indivíduos contaminados com tuberculose.
Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de AIDS não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados.


Palestras educativas:
Palestras informando aos participantes sobre a tuberculose, cartazes e panfletos com alertas e sintomas que ela apresenta. A proposta é questionar todos os pacientes que procuram atendimento médico-hospitalar sobre a persistência de tosse por mais de três semanas, considerada um dos principais sintomas da doença.

Então pessoal, por hoje é isso! Espero que tenham gostado e ter ajudado!
Curtam e compartilhem!

Fontes:
Secretaria de Estado da Saúde - Divisão de Tuberculose. Mudanças no tratamento da tuberculose.  
www.google.com.br
www.minhavida.com.br
pt.wikipedia.org 




















 
































                                       

















quarta-feira, 11 de março de 2015

Traumatismo Craniano - Cerebral (TCE)


O traumatismo craniano-cerebral ou traumatismo cranioencefálico (TCE) constituí uma das causas de óbitos e sequelas em pacientes politraumatizados. Os acidentes automobilísticos são responsáveis por metade dos casos deste problema, associado ao consumo de bebidas alcoólicas, à imprudência do motorista e ao excesso de velocidade. Outras causas de traumatismo cranioencefálico são quedas (21%), particularmente em crianças e idosos, assaltos e agressões (12%) e causas relacionadas a desportos. (10%).

É a maior causa de morte e incapacidade em adultos jovens, gerando enormes prejuízos socioeconômicos. Infelizmente a estatística brasileira é falha, porém dados americanos estimam uma incidência de aproximadamente 1,6 milhões de casos de TCE por ano, resultando em 52.000 mortes e entre 70 e 90.000 pacientes sequelados.


Estima-se que, no Brasil, a taxa de mortalidade por TCE seja no mínimo de 26,2 e no máximo de 39,3/100.000 habitantes, representando mais de 100.000 vítimas fatais por ano.

Qualidade de atendimento = prevenção de lesões secundárias = melhor prognóstico;
5% das vítimas morrem no local do atendimento.

Um dos principais conceitos atuais sobre o TCE é que o dano neurológico não ocorre apenas no momento do impacto, mas progride ao longo de dias e horas (lesão secundária). O conhecimento dessa fisiopatologia foi responsável pela acentuada redução da morbimortalidade desses pacientes ao longo desses 30 anos, a despeito da elevada incidência desta forma de trauma. Esse conhecimento possibilitou ainda o estabelecimento de protocolos sistematizados de atendimento e tratamento, que devem ser conhecidos de todos os médicos, mesmo os nãos especialistas.

Relembrando a anatomia:


Após o impacto, o traumatismo crânio - encefálico pode ser classificado em três categorias: leve, moderado e grave. No grau leve o paciente pode apresentar-se consciente, sem quaisquer sinais ou sintomas, ou confuso e levemente sonolento, porém despertando após estímulos apropriados. Nos casos graves a vítima do traumatismo apresenta-se em coma, sem abertura ocular. Os casos intermediários são classificados como moderados.



Lesões primárias:

Pelo impacto (gravidade da lesão), dois mecanismos:

1 - Traumatismo direto

  • Sangramentos de couro cabeludo;
  • Fraturas fechadas ou abertas ou afundamentos;
  • Hematoma epidural;
  • Contusões;
  • Lacerações cerebrais.



2 - Ações de forças inerciais (Cisalhamento de neurônios e vasos)

  • Hematoma subdural;
  • Hemorragia sub aracnóide;
  • Concussão;
  • Lesão axonal difusa;
  • Ruptura da dura-máter.


Tipos específicos de traumatismo craniano

As lesões cerebrais são divididas em:

·                     Fratura de crânio;

·                     Lesão cerebral difusa;
·                     Lesão focal;
·                     Lesão penetrante;
·                     Lesões de couro cabeludo.

1 - Fratura de Crânio

A identificação é muito importante - possibilidade da presença ou desenvolvimento de hemorragia intracraniana;
Paciente deve ficar em observação.



Tipos:

  • Fratura linear sem afundamento;
  • Afundamento craniano;
  • Fratura de crânio aberta;
  • Fratura de base do crânio.

1.1 - Fratura linear sem afundamento

  • Não requer tratamento específico;
  • Observação se houver suspeita de lesão cerebral;
  • Fraturas que cruzem leito vascular ou suturas cranianas - possibilidade de hematoma epidural.

1.2 - Afundamento craniano

  • Pode não ser emergência cirúrgica, dependendo da lesão cerebral.
  • Risco de sequelas graves e crises convulsivas de difícil controle. 
  • Geralmente o tratamento é cirúrgico, com retirada e elevação do fragmento ósseo.

1.3 - Fratura de crânio aberta

  • Comunicação direta entre o escalpe lacerado e a substância cerebral;
  • Condição diagnosticada por tecido cerebral visível ou perda de LCR (líquido cefalorraquidiano);
  • Tratamento cirúrgico.

1.4 - Fratura de base de crânio

  • Otoliquorréia;
  • Rinoliquorréia;
  • Equimose na região mastoidea (sinal de Battle);
  • Sangue na membrana timpânica (hemotímpano);
  • Equimose periorbitária (olhos de guaxinim).


2 - Lesão Cerebral Difusa

Geralmente produzida por rápidos movimentos da cabeça (aceleração e desaceleração).

2.1 - Concussão

  • Distúrbio que não se associa a lesão anatomopatológica;
  • Perda rápida das funções neurológicas, com possível confusão ou amnésia temporária;
  • Perda temporária ou prolongada de consciência; 
  • O paciente pode apresentar cefaleia, náusea e vômitos, mas sem sinais de localização, devendo ficar em observação até cessar a sintomatologia.

2.2 - Lesão Axonal Difusa

  • Coma prolongado;
  • Lesão de alta velocidade com estiramento ou chacoalhamento do tecido cerebral;
  • Mortalidade de 33%;
  • Em casos mais graves, de 50%, geralmente por aumento da PIC ( Pressão Intra Craniana) secundária ao edema cerebral, causado por mini hemorragias (petéquias) em substancia branca; 
  • Pacientes em coma – diagnóstico com posturas de descerebração ou decorticação.

3 - Lesão Focal

As lesões focais consistem em:
  • Contusões; 
  • Hemorragias; 
  • Hematomas.
Normalmente exigem tratamento cirúrgico.

3.1 - Contusão

  • Única ou múltipla; 
  • Geralmente associada a uma concussão;
  • Caracteriza-se por longo período de coma e confusão mental;
  • Pode ocorrer na área de impacto ou em áreas remotas (contragolpe); 
  • Lobos frontais e temporais são os locais mais comuns desse tipo de lesão.

3.2 - Hemorragia Intracraniana

Classifica-se em meníngea e cerebral. Devido a grande variação de local, tamanho e rapidez de sangramento, o quadro clínico também é variável.

1- Hemorragia meníngea

  • Subdivide-se conforme sua localização:
           Hematoma epidural;
           Hematoma subdural;
           Hemorragia subaracnóide.

1.1 - Hematoma epidural

  • Coleção de sangue entre a dura e o crânio;
  • Lesão de uma artéria dural - artéria meníngea média;
  • Geralmente o tecido cerebral não é lesado;
  • Evolução é rapidamente fatal; 
  • Lesão associada a fraturas lineares temporais ou parietais.
  • Sinais e sintomas:
           Perda de consciência seguida de um período de lucidez;
           Perda progressiva da consciência;
           Hemiparesia e Anisocoria;

Se não tratado rapidamente pode evoluir para uma lesão secundária devida o aumento da PIC.

1.2 - Hematoma subdural


  • Mais comum que os hematomas epidurais,
  • Ocorre por rotura de veias entre córtex e dura;
  • A fratura de crânio está ou não presente;
  • Prognóstico melhora quanto mais precoce a intervenção cirúrgica.
  • A compressão cerebral lenta pela expansão do hematoma causará sintomas dentro de poucas horas ou dias:
  • Cefaleia;
  • Irritabilidade;
  • Vômitos;
  • alteração do nível de consciência;
  • Anisocoria;
  • alterações sensitivas e motoras.

1.3 - Hemorragia Sub aracnóide


  • Esse tipo de hemorragia leva a um quadro de irritação meníngea – sangue no LCR (Líquido Céfalo Raquidiano);
  • Paciente queixa-se de cefaleia e/ou fotofobia;
  • tratamento clínico.

2 -  Hemorragia Intracerebral


  • A perda sanguínea ocorre no próprio tecido cerebral.


4 - Lesões Penetrantes



  • Penetração de corpo estranho intracraniano;
  • Não deve ser removido no local - só deve ser retirado em centro cirúrgico;
  • Fixá-lo se for o caso, para que ele não produza lesões secundárias no transporte.

- Ferimento por arma de fogo


  • Quanto maior o calibre e a velocidade do projétil, maior a probabilidade de lesões graves e até letais.
  • Cobrir a entrada e saída do projétil com compressa esterilizada até o tratamento neurocirúrgico ser providenciado.
  • - Ferimento de Couro Cabeludo
  • Apesar da aparência dramática, o escalpe geralmente causa poucas complicações.
  • A localização e o tipo de lesão nos dão a noção de força e direção da energia transmitida.
Perda sanguínea:

  • O sangramento por lesão de couro cabeludo pode ser extenso e, especialmente em crianças, levar ao choque hipovolêmico; em adultos, sempre procurar outra causa para o choque.
  • Localizar a lesão e parar o sangramento por compressão; a grande maioria dos sangramentos é controlada com aplicação de curativo compressivo.

Condutas

Inspeção da lesão:

  • Avaliar a lesão para detectar fratura de crânio, presença de material estranho abaixo da lesão de couro cabeludo e perda de líquor.
  • Avaliar a gravidade: Anamnese + Exame físico.
  • Trauma grave (TC e UTI são obrigatórios)
  • Sinais neurológicos focais;
  • Fraturas com afundamento de crânio;
  • Fraturas aberta;
  • Lesões penetrantes;
  • Glasgow < 10 sem causa definida;
  • Convulsões;
  • Uso de drogas;
  • Alterações da perfusão cerebral;
  • Fatores metabólicos.

Abordagem clínica

  • Exame da cabeça;
  • Deformidade, edema e dor á palpação cervical a manter imobilização cervical;
  • Lacerações e depressões em couro cabeludo à investigação de ferimento penetrante, corpo estranho, afundamento e lesões durais;
  • Fraturas de base do crânio;
  • Hemotímpano à fratura de temporal;
  • Fontanela abaulada à HIC;
  • Padrão respiratório;
  • Exame neurológico:

Escala de Coma de Glasgow


Avaliação Pupilar


Tratamento de emergência

  • Transporte imediato com aporte de oxigênio (a hipóxia agrava o edema cerebral);
  • Cabeça elevada em 30°, o que facilita o retorno venoso, atenuando o edema;
  • Havendo ferimento, enfaixar a cabeça, porém sem exercer pressão no curativo, pois em caso de fratura de crânio, a compressão pode lesar o cérebro com fragmentos ósseos, agravando o quadro;
  • Evitar lesões secundárias, através da otimização da oferta e da diminuição do consumo cerebral de oxigênio;
  • Manter vias aéreas pérvias;
  • Manter normovolemia;
  • Reposição deve ser feita preferencialmente com cristalóides;
  • Evitar utilização de soro glicosado;
  • Passagem de sonda vesical para controle do balanço hídrico;
  • Sedação;
  • Monitorização da pressão intracraniana (PIC), nos pacientes com traumas graves.

Prevenção

- Esportes e brincadeiras

  • Capacetes para ciclismo, skate, patins e hipismo;
  • Superfícies lisas e brinquedos com peso reduzido nos locais de recreação;
  • - Quedas
  • Colocação de redes e grades nas janelas;
  • Não utilizar andadores;
  • Evitar lajes ou vãos livres altos;
  • Usar portões próximos às escadas.
  • - Veículos Automotores
  • Capacetes para motociclista e acompanhantes;
  • Cinto de segurança em automóveis e próprios para criança no banco traseiro;
  • Airbag como equipamento obrigatório;
  • Prevenção e combate ao uso de álcool e outras drogas.

Assistência de enfermagem

Nas primeiras 48 horas pós TCE a equipe de enfermagem deve estar atenta ao escore de Glasgow, ao padrão respiratório e aos níveis da PIC (normal menor 10 mmhg) já que uma elevação da PIC a maior de 20 mmhg em um paciente em repouso, por mais do que alguns minutos, está associada a um aumento significativo da mortalidade; essa atenção da enfermagem permite intervir rapidamente, evitando complicações.

A nutrição enteral deve ser iniciada após 48 horas de admissão na UTI, deve-se estar atento à presença de ruído hidroaéreo (RHA) e distensão abdominal. Nos pacientes que apresentarem fraturas de base de crânio, a sondagem nasogástrica ou enteral deve ser feita por via oral e não via nasal, pois podem provocar infecções do tipo meningite e lesões secundárias, para as aspirações deve ser usado o mesmo critério, não realizar aspirações nasais nestes pacientes. Deve-se estar atento à prescrição de soluções, visto que, infusão de soluções contendo dextrose, especialmente dextrose a 5% e água, é contra indicada no tratamento agudo do paciente com TCE, pois favorece o aparecimento de edema cerebral.


Podemos elencar os seguintes diagnósticos de enfermagem para pacientes com comprometimento neurológico e especificamente, para o paciente vítima traumatismo crânio encefálico, são eles: capacidade adaptativa intracraniana diminuída; risco de perfusão tissular ineficaz cerebral; padrão respiratório ineficaz; risco de infecção, risco de aspiração, risco de integridade da pele prejudicada; hipertermia; risco de constipação; nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais e dor aguda.

Protocolo de avaliação neurológica e os cuidados de enfermagem:

Manter vias aéreas pérvias: quando necessária aspiração ora traqueal para manter boa oxigenação, manter acesso venoso calibroso ou cateter venoso central, para quantificação da volemia. Realizar balanço hídrico de 6 em 6 horas, imobilização da coluna até descartar trauma raquimedular (colar cervical, prancha rígida e mobilização em bloco), manutenção de pressão arterial média de 90 mmhg, passagem de sonda nasogástrica para descompressão gástrica. Em caso de lesão facial ou trauma de base de crânio (confirmado ou suspeita), é contraindicada a passagem nasogástrica, devendo ser feita oro gástrica, sonda vesical de demora para controle do balanço hídrico, controle de glicemia capilar na admissão e de 3/3 horas.


Se necessidade de bomba de insulina, glicemia capilar de 1/1 hora, manter crânio alinhado e decúbito elevado a 30 º, controle da temperatura (manter normotérmico). Se necessário: utilizar antitérmicos ou hipotermia, atentar para crise convulsiva e utilizar protetores nas laterais da cama. proteger os olhos entreabertos aplicando creme protetor ocular (Epitezan®) na pálpebra inferior a cada oito horas, cuidados com a pele evitando úlceras por pressão, profilaxia de trombose venosa profunda.


Mais uma vez espero que vocês tenham gostado! Curtam e compartilhem!
Um grande afetuoso abraço e até a próxima postagem!



Fontes:
Marenza e Ribas (1994)
NICHOLAU, 1994, p.387.
http://www.fmanha.com.br/