Assisti
a um filme em que uma das personagens, Mr. Jones, assume o comportamento típico
de pessoas com TB - Transtorno Bipolar. Mr. Jones levantava-se às 4 h da manhã
e, sem se incomodar com o descanso alheio, ligava o rádio bem alto como se as
atividades por ele programadas para aquele dia interessassem a todos. Noutros
momentos, julgando-se dono de um poder extraordinário, subia no telhado certo
de que poderia alçar vôo. Nessas crises de agitação, mexia com as pessoas e
falava tão depressa que ninguém conseguia acompanhar seu pensamento. Às vezes,
apesar da genialidade aparente, expunha-se a riscos desnecessários e descabidos.
Este filme além de ter mexido muito comigo, me estimulou a
pesquisar mais sobre esta doença para que eu pudesse conhecer a fundo o assunto
e postar aqui para vocês, pois, assim como me ajudou muito,espero que
os ajudem também!
Boa
leitura.
O que é Transtorno Bipolar (TB)?
No passado, o transtorno
bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença
psiquiátrica caracterizada por alternância de períodos de depressão e de
hiper-excitabilidade ou mania. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na
forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo
comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê
pela frente, ou então investindo em empreendimentos acreditando que renderão
lucros vertiginosos, ou envolvendo-se em experiências perigosas sem levar em
conta o mal que podem causar.
E o que é a
"Depressão"?
Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de
humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as
pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas,
porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos
a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os
grupos também freqüente.
A base
genética do Transtorno Bipolar (TB) é bem estabelecida: 50% dos portadores
apresentam pelo menos um familiar afetado, e filhos de portadores apresentam
risco aumentado de apresentar a doença, quando comparados com a população geral.
O TB
acarreta incapacitação e grave sofrimento para os portadores e suas famílias.
Dados da Organização Mundial de Saúde, ainda na década de 1990, evidenciaram
que o TB foi a sexta maior causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam
que um portador que desenvolve os sintomas da doença aos 20 anos de idade, por
exemplo, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade profissional, se
não tratado adequadamente.
Na depressão como doença (transtorno
depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da
vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações depressivas
normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar
o evento desencadeador.
As causas de depressão são
múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões
constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores
cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como: Estresse
e Estilo de vida. Acontecimentos vitais, tais como crises e separações
conjugais, morte na família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.
A
mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais
freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos
portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente
o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas
cardiovasculares são mais freqüentes entre portadores de Transtorno Bipolar do
que na população geral. A associação com a dependência de álcool e drogas não
apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma
droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, piora a adesão ao
tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio.
Como se diagnostica a depressão?
Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a
maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber
por que a pessoa está assim. O mais importante é saber como a pessoa sente-se,
como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos,
cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se
relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar
um tratamento médico eficaz.
Como se diagnostica o Transtorno Bipolar (TB)?
O início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez
mais descrito e, em função de peculiaridades na apresentação clínica, o
diagnóstico é difícil. Não raramente as crianças recebem outros diagnósticos, o
que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso tem conseqüências
devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes
portadores de TB.
O que
sente a pessoa com Depressão
“Freqüentemente
o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado, abatido ou
“na fossa”, com” baixo-astral”. Muitas pessoas com depressão, contudo, negam à
existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por
um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de
culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras
causas médicas que as justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de interesse
por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades
recreativas, passatempos, encontros sociais e prática de esportes. Tais eventos
deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e a alimentação estão também
alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento,
havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a
pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite
ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir. São
comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga,
injustificáveis por algum outro problema físico.
O que sente a pessoa com
Transtorno Bipolar
Fase da euforia
. Alegria exagerada
. Agitação física e mental
. Sensação de ter poderes especiais
. Idéias grandiosas
. Aumento do desejo sexual
. Insônia
Fase da depressão
. Tristeza, irritabilidade
. Perda ou aumento de apetite
. Dificuldade de concentração
. Pensamento de morte ou suicídio
. Alegria exagerada
. Agitação física e mental
. Sensação de ter poderes especiais
. Idéias grandiosas
. Aumento do desejo sexual
. Insônia
Fase da depressão
. Tristeza, irritabilidade
. Perda ou aumento de apetite
. Dificuldade de concentração
. Pensamento de morte ou suicídio
Os pensamentos de uma pessoa
com depressão é assim:
Pensamentos que freqüentemente ocorrem
são os de se sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se
fracassadas até por acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do
dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter
ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para
tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando
os efeitos “catastróficos” de suas possíveis decisões erradas.
Pensamentos de morte ou
tentativas de suicídio
Freqüentemente a pessoa pode pensar muito
em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas
vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser
esta à “única saída” ou para” se livrar” do sofrimento, sentimentos estes
provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culparem-se, sentir-se
inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma
das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que
vivem solitariamente. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma
conseqüência da depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta
na perda da esperança em melhorar naquelas pessoas que não iniciam um
tratamento médico adequado.
Sentimentos que afetam a vida
diária e os relacionamentos pessoais
Freqüentemente a depressão pode afetar o
dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela
tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um
peso: trabalhar, dedicar-se a outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros
afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis,
dependendo da gravidade dos sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras
pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-se,
inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresses por amizades e por
convívio social podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo
dificultando a busca de ajuda médica.
Tratamentos
Para
TB:
O tratamento adequado do TB reduz a
incapacitação e a mortalidade dos portadores. Em linhas gerais, inclui
necessariamente a prescrição de um ou mais estabilizadores do humor em
associação. A associação de antidepressivos (de diferentes classes) e de anti-psicóticos
pode ser necessária para o controle de episódios de depressão e de mania.
Para Depressão:
A depressão é uma doença reversível, ou
seja, há cura completa se tratada adequadamente. O tratamento médico sempre se
faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado ao perfil de cada
paciente. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas
mostrados anteriormente e com pouco prejuízo sobre as atividades da vida
diária. Nesses casos, o acompanhamento médico é fundamental, mas o tratamento
pode ser apenas psicoterápico.
Pode haver também casos de depressões bem
mais graves, com maior prejuízo sobre o dia-a-dia do indivíduo, podendo ocorrer
também sintomas psicóticos (como delírios e alucinações) e ideação ou
tentativas de suicídio. Nessa situação, o tratamento medicamentoso se faz
obrigatório, além do acompanhamento psicoterápico.
Os medicamentos
utilizados são os antidepressivos, medicações que não causam “dependência”, são
bem toleradas e seguras se prescritas e acompanhadas pelo médico. Em alguns
casos faz-se necessário associar outras medicações, que podem variar de acordo
com os sintomas apresentados (ansiolíticos antipsicóticos).
Como descobrir se seu filho é
Bipolar?
Assinale
os comportamentos que seu filho atualmente apresenta ou apresentou no passado.
Se você assinalar mais de 20 itens, ele deveria ser examinado por um
profissional da área.
Seu filho:
1- Fica aflito demais quando separado da família;
2- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva;
3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã;
4- Fica hiperativo e excitável à tarde;
5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono;
6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite;
7- Não consegue concentrar-se na escola;
8- Tem caligrafia pobre;
9- Tem dificuldade em organizar tarefas;
10- Tem dificuldade em fazer transições;
11- Reclama de sentir-se aborrecido;
12- Tem muitas idéias ao mesmo tempo;
13- É muito intuitivo ou muito criativo;
14- Distrai-se facilmente com estímulos externos;
15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente;
16- É voluntarioso e recusa-se a ser subordinado;
17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade;
18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas;
19- Tem estados de humor irritável;
20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos;
21- Tem idéias exageradas sobre si mesmo ou suas habilidades;
22- Exibe um comportamento sexual inapropriado;
23- Sente-se facilmente criticado ou rejeitado;
24- Tem pouca iniciativa;
25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola;
26- Tem períodos de dúvida sobre si mesmo ou de baixa estima;
27- Não tolera demoras ou atrasos;
28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades;
29- Discute com adultos ou é mandão;
30- Desafia ou se recusa a cumprir regras;
31- Culpam os outros por seus erros;
32- Enervam-se facilmente quando as pessoas impõem limites;
33- Mente para evitar as conseqüências de seus atos;
34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados;
35- Tem destruído bens intencionalmente;
36- Insulta cruelmente com raiva;
37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesmo;
38- Já fez claras ameaças de suicídio;
39- É fascinado por sangue ou coágulos;
40- Já viu ou ouviu alucinações.
CIENTISTAS IDENTIFICARAM AÇÕES ANORMAIS
DOS NEURÔNIOS NAS TRÊS FASES DOS BIPOLARES
O transtorno bipolar, que afeta cerca de 1%
da população mundial, é caracterizado por flutuações no humor que estão
associadas a anomalias na atividade cerebral. Pela primeira vez, um grupo de
pesquisadores conseguiu identificar o comportamento dos circuitos neurais
envolvidos nas três diferentes fases do distúrbio. De acordo com eles, o estudo
pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de tratamentos mais
eficazes.
Amit Anand, psiquiatra da Faculdade de
Medicina de Indiana e principal autor do artigo, publicado no jornal Biological
Psychiatry, explica que por trás dos sintomas do transtorno bipolar há uma
imensa dificuldade de resposta a estímulos externos — como uma piada ou um
comercial. O indivíduo que sofre do problema apresenta déficits de autocontrole,
que se manifestam de diferentes formas. “Tanto a fase da mania quanto a
depressiva (veja quadro) são marcadas pela impulsividade, embora isso esteja
mais pronunciado no primeiro caso. É importante saber se a mudança na atividade
cerebral durante esses momentos está relacionada à doença em si ou se é um
efeito secundário da mania ou da depressão”, destaca.
Descoberta pode ajudar no
desenvolvimento de terapias mais eficazes contra o mal que afeta 70 milhões de
pessoas no mundo.
Para investigar o comportamento cerebral
durante as três fases, a equipe de Anand realizou exames de ressonância
magnética funcional em pessoas bipolares que estavam maníacas, depressivas ou
normais. Como o uso de medicamentos mascara a atividade dos circuitos neurais,
apenas pacientes diagnosticados, mas não tratados entraram na pesquisa. Pessoas
mentalmente saudáveis também participaram como grupo de controle. Enquanto a
máquina registrava o que ocorria em seus cérebros, os voluntários foram
submetidos a uma série de testes comportamentais usados freqüentemente em
estudos psicológicos. Essas avaliações, chamadas de go/no go, têm como objetivo
investigar a inibição da resposta, termo usado para definir a capacidade de uma
pessoa de controlar e de suprimir ações impróprias a um contexto.
Reações distintas
No estudo, faces com expressões tristes e
alegres foram usadas como estímulo. Durante a seqüência de imagens, ora os
participantes tinham de apertar um botão apenas quando viam rostos felizes, ora
eram instruídos a fazer o mesmo somente quando a expressão era de tristeza.
Também havia fotos de letras aleatórias, incluídas como estímulo neutro, não
emotivo. Os pesquisadores observaram que nos grupos de maníacos ou deprimidos
houve mais dificuldade e falhas quando os pacientes viam faces alegres ou
tristes e não podiam apertar o botão, sinal de que a inibição da resposta
estava deficiente.
No dia a dia, isso significa, por exemplo,
que o indivíduo maníaco dificilmente resiste à tentação de fazer uma aposta
alta quando está em um cassino. Da mesma forma, o bipolar na fase deprimida
pode atentar contra a vida por um motivo que, em outros momentos, não o
deixaria abalado, devido ao déficit no sistema de resposta a estímulos.
A ressonância magnética realizada durante
os testes mostrou que quando os deprimidos não podiam apertar o botão ao ver um
rosto triste, ocorria uma atividade cerebral anormal, comparando ao grupo de
indivíduos mentalmente saudáveis. Já os maníacos apresentaram padrões de
estímulo cerebral deficientes tanto quando tinham de controlar a resposta
diante de faces tristes quanto na hora em que precisavam fazer o mesmo em
relação aos rostos felizes ou às letras neutras. As anomalias na ativação do
cérebro foram verificadas mesmo nos pacientes que são bipolares, mas, no
momento do teste, estavam na fase de humor equilibrado.
Fonte: Diário de Pernambuco
Espero que tenham gostado.
Até a próxima!
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