O sistema reprodutor feminino é formado pelas gônadas (ovários) que
produzem os óvulos, as tubas uterinas, que transportam os óvulos do ovário até
o útero e os protege, o útero, aonde o embrião irá se desenvolver caso haja
fecundação, a vagina e a vulva.
Os ovários são órgãos sexuais primários, produzem os óvulos e os
hormônios sexuais femininos estrógeno e progesterona. Os ovários possuem o tamanho
aproximado de uma azeitona.
As tubas uterinas são formadas pelas seguintes partes:
a mesoalpinge é a região onde ela se prende no útero, o istmo é a porção medial
que se abre o útero e a ampola é a região onde ela sofre uma curvatura para
encontrar o ovário.
O útero possui a forma de uma pera invertida, é musculoso e oco. Na sua
região superior/lateral está ligado com as tubas uterinas e na região inferior
está ligado com a vagina.
A vagina é um canal musculoso que liga o colo do útero
ate o exterior, na genitália. Próximo à entrada da vagina há uma membrana
vascularizada, chamada hímen, que bloqueia a entrada da vagina total ou
parcialmente e normalmente se rompe nas primeiras relações sexuais.
A mucosa vaginal possui pH ácido para impedir a
proliferação de microrganismos nesta região.
A genitália feminina externa é chamada de vulva.
Normalmente sua região mais externa é coberta com pelos.
É formada pelos grandes lábios, que envolvem duas
pregas menores, chamadas de pequenos lábios e que protegem a abertura vaginal e
circundam o clitóris. São altamente vascularizados.
O clitóris é um pequeno órgão, altamente sensível e
corresponde a glande do pênis e é formado por tecido erétil.
É fundamental que a mulher faça exames periódicos para
avaliar o seu estado de saúde e prevenir as doenças do sistema reprodutor e
procurar aconselhamento sempre que se sinta desconfortável na sua vida sexual e
reprodutiva.
Principais doenças que afetam o aparelho reprodutor da
mulher:
- Cancro do Colo do Útero
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
- Cancro do Endométrio ou do Útero
- Cancro do Colo do Útero
- Corrimentos Vaginais
O Cancro do Colo do Útero tem a sua origem num dos
vários tipos de Vírus do Papiloma Humano (HPV). O seu contágio ocorre na maior
parte das vezes por via sexual.
Existem mais de 80 tipos de HPV: alguns afetam a pele e
causam verrugas, outros afetam o aparelho genital e causam condilomas ou
verrugas genitais.
Estima-se que 80% das mulheres e dos homens tenham
contactado com o vírus em alguma fase da sua vida. Na maior parte das vezes a
infecção é assintomática, o que significa que as pessoas desconhecem que a têm.
Nos casos em que isso não acontece, esta situação pode
levar ao aparecimento do Cancro do Colo do Útero.
Fatores de risco:
O risco aumenta com o início precoce das relações
sexuais e com o número de parceiros sexuais que uma pessoa tem ao longo da
vida. As defesas imunológicas têm um papel fundamental ao proteger o
desenvolvimento da infecção. Normalmente, a maioria das mulheres é capaz de
combater a infecção.
Diagnóstico:
A infecção por HPV pode ser diagnosticada de várias
maneiras. A citologia do colo do útero, vulgarmente conhecida por Exame de Papanicolau,
pode detectar as alterações celulares causadas pelo vírus. Estas alterações
podem também ser detectadas através de um exame chamado Colposcopia que
consiste na observação do colo do útero com um microscópio ou, no caso dos
homens, através da observação do pénis com uma lupa - a Peniscopia.
Métodos de tratamento:
Como ter a infecção não significa ter a doença, a
infecção por si só não necessita de tratamento. No entanto, algumas
manifestações da infecção como os condilomas da vulva, nas mulheres, ou do
pénis, nos homens, devem ser tratadas.
Se as alterações nas células ou nos tecidos são
ligeiras, muitas vezes não é necessário tratar, bastando uma vigilância
adequada pelo seu médico. Já nos casos em que se verifiquem anomalias severas,
o/a médico/a irá aconselhar o tratamento adequado.
A vacina contra o Vírus do Papiloma Humano já se
encontra disponível e em Portugal são comercializadas duas marcas cuja compra é
comparticipada pela mulher. A vacinação é gratuita até aos 13 anos.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
A DIP é uma infecção do trato genital superior
feminino, o que significa que pode envolver o endométrio, as trompas, os
ovários e estruturas adjacentes.
Em casos mais severos, a DIP pode causar infertilidade
ou gravidezes ectópicas.
Causas:
A DIP resulta normalmente da gonorreia ou da infecção
por clamídia.
Fatores de risco:
- Idade inferior a 25 anos
- Múltiplos parceiros sexuais
- Utilização do DIU - Dispositivo Intra-uterino
Sintomas e tratamento:
Os sintomas podem ser pouco perceptíveis e pode passar
por dor na zona abdominal baixa, febre, secreção vaginal com mau odor,
hemorragia irregular e dor durante as relações sexuais.
É possível curar a DIP com recurso a antibióticos e o
seu tratamento deve ser iniciado assim que o problema é detectado.
Cancro do Endométrio ou do Útero:
O endométrio é a mucosa que reveste o interior da
cavidade uterina. Durante a vida da mulher, o endométrio sofre uma série de
alterações. A formação de células malignas cancerígenas nos tecidos do
endométrio provoca o cancro desta mucosa.
O grau de um câncer de endométrio está baseado na
quantidade de glândulas que formam o câncer e que são similares às glândulas
encontradas no endométrio normal e sadio. Em cânceres de baixo grau mais tecido
canceroso forma glândulas. Quanto maiores sejam os graus do câncer, mais
células cancerosas estão agrupadas de forma irregular e desorganizada e não
formam glândulas.
Grau 1 - Tumores com 95% ou mais de tecido cancerígeno
que forma glândulas.
Grau 2 - Tumores com 50 a 94% de tecido cancerígeno que
forma glândulas.
Grau 3 - Tumores com menos da metade do tecido
cancerígeno formando glândulas, é chamado de "alto grau”. Tendem a ser
agressivos e têm um prognóstico menos favorável que os de baixo grau G1 e G2.
Fatores de risco:
- Menstruar muito cedo
- Entrar na menopausa muito tarde ou não ter filhos
- Consumo excessivo de gordura e estilo de vida
- Predisposição genética
- Uso de hormonas como o estrogênio
Sintomas:
- Hemorragia fora do período normal
- Dificuldade ou dor em urinar
- Dor durante a relação sexual
- Dor na zona pélvica
O tratamento disponível aplicável depende do estádio em
que o cancro se encontra, mas pode incluir a cirurgia e a radioterapia.
Corrimentos vaginais:
Freqüentemente os corrimentos vaginais estão
associados a diversas infecções decorrentes de vaginose bacteriana, candidíase
ou tricomoníase. As causas que não são atribuídas às infecções estão ligadas a
processos alérgicos, durante o processo ovulatório e deficiência de estrogênio,
caracterizado como corrimento fisiológico.
Tendo como referência as diversas etiologias
que causam o corrimento vaginal é imprescindível se atentar para as
características de cada um objetivando um diagnóstico mais eficaz.
Tipos de
corrimento vaginal
Corrimento
transparente, aquoso, sem cheiro:
É o corrimento mais comum em mulheres com idade reprodutiva. É
típico de bactérias que alteram o Ph normal da vagina, como a Gardnerella
vaginalis, Peptostreptococcus, Mobiluncus, Prevotella, etc. Mais conhecida
como vaginose bacteriana e não é considerada doença sexualmente transmissível.
A vaginose bacteriana também é, na maioria das mulheres, assintomática.
A
Gardnerella vaginalis é uma bactéria que vive normalmente na flora vaginal de
20 a 80% das mulheres sexualmente ativas.
A vaginose causada pela bactéria em questão
pode não apresentar manifestações clínicas. Entretanto quando há, essas
manifestações caracterizam-se por um corrimento amarelado ou acinzentado, com
bolhas esparsas em sua superfície e odor desagradável; pode ocorrer coceira
vaginal (prurido), mas não é comum.
Nos pacientes do sexo masculino, essa
bactéria pode causar uretrite e, eventualmente, balanopostite (inflamação do
prepúcio e glande). A uretrite na maioria das vezes é assintomática e não
necessita de tratamento. Quando há manifestações clínicas, restringem-se a um
prurido e um leve ardor durante a micção; raramente causa corrimento uretral.
A
transmissão é considerada primária nas mulheres e sexual nos homens; é apenas
no homem contaminado que podemos dizer que se trata de uma doença sexualmente
transmissível (DST). As mulheres que possuem muitos parceiros sexuais estão
mais propensas a adquirir essa infecção.
O tratamento farmacológico é com base em duchas vaginais com
peróxido de hidrogênio objetivando restabelecer a flora vaginal, e
administrando Clindamicina de uso oral.
Se você tem apresentado outros sintomas, com corrimento que
apresenta liquido marrom ou com sangue, sente dores após relação sexual, fique
atenta! Nesses casos procure imediatamente um médico, pois corrimentos desse
tipo podem ser sintomas de doenças mais sérias causadas por vírus como HPV, HIV
e pode também ser câncer de vagina, do colo do útero ou do endométrio.
Corrimento de cor acinzentada, amarelo ou esverdeado:
Se o corrimento vaginal além da cor apresentar um aspecto
espumoso, com mau cheiro e acompanhado de coceiras intensas a principal causa é
a Trichomonas
vaginalis, mais conhecida
como tricomoníase que atinge 70% dos casos diagnosticados em mulheres.
A tricomoníase pode também atingir os homens, porém a prevalência
é muito menor devido o fato de se apresentar de maneira benigna e muitas vezes
assintomática.
A infecção é transmitida através do contato sexual e o tratamento
é terapêutico com base no Metronidazol 2g em dose única, recomendando-se a
abstinência sexual até o fim do tratamento.
Corrimento branco com coceira:
Corrimento esbranquiçado, grumoso, semelhante a leite talhado
acompanhado de coceira e queimação provavelmente é causado por fungos. É a
segunda causa mais comum de infecção vaginal, Candida
albicans, mais conhecida como
candidíase. Não é uma infecção sexualmente transmissível, mas é identificado
com frequência em mulheres que têm vida sexual ativa e possui outras infecções
vaginais.
As causas da candidíase estão relacionadas a diversos fatores
externos, como uso de contraceptivos, uso de métodos de barreiras e dispositivo
intra-uterino, diabetes mellittus, e alimentação rica em açúcares que podem ser
agravantes para surgimento dos fungos que causam a candidíase.
O tratamento farmacológico é administrado com antifúngicos orais
de uso tópico ou sistêmico, como Butoconazol, Clotrimazol e Terconazol.
Corrimento esbranquiçado, amarelado com mau cheiro:
Pode ser a mais comum das infecções sexualmente transmissíveis, a Chlamydia trachomatis, mais conhecida como clamídia. É
uma infecção bacteriana, na maioria das vezes assintomática. Mas manifestados
os sintomas o tratamento deve ser imediato, pois a infecções pode deixar sequelas,
como doença inflamatória pélvica e infertilidade.
O tratamento farmacológico da clamídia é terapêutico, sendo
administrada a Azitromicina em dose única, também suspendendo as relações
sexuais até o fim do tratamento.
Cuidados que podem prevenir e tratar o
corrimento vaginal
· Mantenha a área genital sempre limpa e
seca.
· Use sempre preservativos para prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis.
· Se você está fazendo uso de
antibióticos, consuma iogurte pro biótico com lactobacilos para prevenir o
surgimento da candidíase.
·
Para quem é diabético, procure manter a
glicemia controlada.
· Opte por usar roupas intimas de algodão
e de cores claras.
· Dê preferência aos absorventes
externos.
O mais importante é que procure, na hora de ter relações sexuais
com seu parceiro, se proteger, use sempre camisinha e para maiores dúvidas
procure o auxílio de um ginecologista.
O que fazer no dia-a-dia para evitar o corrimento:
Tudo que aumenta o calor e a umidade dentro da vagina
pode predispor a um aumento do corrimento. Portanto, algumas medidas podem
evitar que ele aconteça são:
- Dormir sem calcinha, pois diminui o calor na vagina;
- Usar calcinhas de algodão (o algodão tende a
esquentar menos que os tecidos sintéticos e, por isso, o fungo ou bactéria têm
menor tendência de se proliferar);
- Utilizar sabonetes íntimos diariamente no banho (eles
ajudam a manter a flora vaginal normal equilibrada);
- Não usar roupas apertadas, pois elas aumentam o calor
e tornam a vagina um bom meio de proliferação dos fungos e bactérias;
- Não deixar a calcinha pendurada no banheiro (isso
pode estimular a proliferação dos fungos e bactérias na calcinha);
- Secar bem os pelos da vulva, pois isso ajuda a
diminuir a umidade desta região.
- Secar bem os pelos da vulva, pois isso ajuda a
diminuir a umidade desta região.
O papel da alimentação equilibrada é manter a produção constante dos
lactobacilos vaginais (que são as células de defesa da vagina) e manter o pH
(grau de acidez) vaginal equilibrado, evitando a colonização de bactérias
estranhas ao corpo feminino.
Fontes:
http://www.todabiologia.com/anatomia/utero.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Útero
http://www.agecom.df.gov.br/042/04299003.asp?ttCD_CHAVE=23163
Histologia Básica – Luiz C. Junqueira e José Carneiro. Editora Guanabara Koogan S.A. (10° Ed), 2004.
http://www.todabiologia.com/anatomia/utero.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Útero
http://www.agecom.df.gov.br/042/04299003.asp?ttCD_CHAVE=23163
Histologia Básica – Luiz C. Junqueira e José Carneiro. Editora Guanabara Koogan S.A. (10° Ed), 2004.
Centers for Disease Control and Prevention. Sexually
transmitted diseases treatment guidelines 2010. MMWR 2010.
Ministério
da Saúde. Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis,
4ª edição. Brasília, 2005.
Freitas
F, Menke CH, Rivoire WA, Passos EP. Rotinas em ginecologia,
5ªedição. Artmed, Porto
Alegre, 2006.
DeCherney A, Nathan L, Goodwin TM, Laufer N. Current
Diagnosis and Treatment – Obstetrics & Ginecology, 10th edition. McGraw-Hill Medical, 2006.
Por hoje é isso!
Espero que tenham gostado...agora é só curtir e compartilhar!
Beijos e até apróxima postagem!