ACIDENTES OFÍDICOS
No Brasil, quatro tipos de acidente são considerados de interesse em saúde: botrópico,
crotálico, laquético e elapídico . Acidentes por serpentes não peçonhentas são relativamente
frequentes, porém não determinam acidentes graves, na maioria dos casos, e, por isso, são
considerados de menor importância médica.
O que fazer?
A primeira coisa a fazer em caso de uma picada de cobra é identificar a serpente. Embora a picada de cobra possa ser fatal, existem soros muito eficientes que podem evitar esse desfecho, sobretudo se a cobra puder ser identificada.
Segundo o Instituto Butantan, há quatro tipos de acidentes peçonhentos com cobras:
- Acidente botrópico (causado por serpentes do grupo das jararacas): causa dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orifícios da picada; sangramentos nas gengivas, pele e urina. Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.
- Acidente laquético (causado por surucucu): quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanhado de vômitos, diarreia e queda da pressão arterial.
- Acidente crotálico (causado por cascavel): sensação de formigamento no local da picada, sem lesão evidente; dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores musculares generalizadas e urina escura.
- Acidente elapídico (causado por coral verdadeira): no local da picada não se observa alteração importante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada ou dupla,pálpebras caídas e aspecto sonolento.
Primeiros socorros a serem prestados a uma pessoa que foi picada por uma cobra:
Como a picada de cobra acontece habitualmente em lugares distantes do ponto de socorro médico, os primeiros socorros têm de ser prestados por uma pessoa leiga, que deve:
- Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão.
- Manter o paciente deitado.
- Manter o paciente hidratado, dando pequenos goles de água a ele.
- Procurar o serviço médico mais próximo, o mais rápido possível.
- Se possível, levar o animal para identificação.
- Retirar anéis, pulseiras, sapatos ou outros adereços apertados, porque logo ocorrerá o edema(inchaço).
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Após 30 minutos da mordida, as providências de primeiros socorros se tornam desnecessárias, pois só resta levar a vítima imediatamente a um médico ou hospital para a aplicação de soro contra o veneno da cobra.
SE VOCÊ NÃO CONHECE COBRAS, LEVE SE POSSÍVEL, A COBRA CAUSADORA DO ACIDENTE (VIVA OU MORTA) PARA IDENTIFICAÇÃO.
O que não deve ser feito:
- Não fazer torniquete ou garrote.
- Não cortar o local da picada, nem perfurar ao redor do local da picada.
- Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes na ferida.
- Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos à vítima.
Tratamento:
A única terapia efetiva é o soro antiofídico. O soro deve começar a ser aplicado, de preferência, na primeira meia hora depois do acidente.
Existem vários tipos de soros antiofídicos, um para cada tipo de cobra, mas se a cobra causadora do acidente não puder ser identificada deve-se usar o soro polivalente.
Os soros utilizados em nosso meio são os seguintes:
- Cobra desconhecida = soro antiofídico polivalente.
- Jararaca = soro antibotrópico.
- Cascavel = soro anticrotálico.
- Surucucu = soro anti-laquético.
- Coral verdadeira = soro antielapídico.
Em áreas em que as cobras são comuns, deve-se ter sempre à mão o soro polivalente, devido à sua maior aplicabilidade. Os soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brasil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Ministério da Saúde que distribui para todo o país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados.
Tratamento de suporte ou sintomático também pode auxiliar, dependendo do caso.
Como evitar as picadas de cobras:
- Uma cobra só ataca quando agredida. Em caso de ver-se próximo a uma cobra, mantenha-se imóvel até ficar fora do alcance dela.
- Mantenha a grama aparada, os arbustos limpos e não deixe galhos amontoados.
- Use uma vara para mexer em montes de entulhos ou madeiras.
- Onde há ratos, há cobras. Limpe paióis e terreiros, sem deixar o lixo acumular. Feche buracos e frestas de portas.
- Use botas, calças compridas e luvas de couro em áreas infestadas.
- O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes.
- Cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços. Use luvas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não coloque as mãos ou os pés em buracos.
- Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros.
- Não mexa em cobras, mesmo que estejam mortas. Ainda assim, elas podem injetar veneno.
Acalme a vítima | |
Deite a vítima o mais rápido possível | |
Não deixe a vítima fazer qualquer esforço, pois o estímulo da circulação sangüínea difunde o veneno pelo corpo | |
Sempre que possível, encaminhe o animal junto à vitima |
NÃO LHE DÊ álcool, nem querosene ou infusões (alho, cainca, andiroba, orelha de onça, etc)
NÃO FAÇA garroteamento
JAMAIS CORTE a pele para extrair sangue.
- Tranquilize a vítima, mantendo-a em repouso.
- Faça uma boa limpeza local (água e sabão) e aplique compressas frias ou gelo.
- Leve a vítima imediatamente a um médico ou hospital, evitando, quanto possível, sua movimentação.
Após 30 minutos da mordida, as providências de primeiros socorros se tornam desnecessárias, pois só resta levar a vítima imediatamente a um médico ou hospital para a aplicação de soro contra o veneno da cobra.
SE VOCÊ NÃO CONHECE COBRAS, LEVE SE POSSÍVEL, A COBRA CAUSADORA DO ACIDENTE (VIVA OU MORTA) PARA IDENTIFICAÇÃO.
Diferenças entre cobras venenosas e não venenosas:
As diferenças servem como um guia geral, mas comportam muitas exceções. Consideram-se alguns fatores:
- As cobras venenosas têm anéis coloridos completos pretos, brancos, vermelhos ou amarelos.
- As cobras venenosas têm cabeça triangular, bem destacada do corpo e coberta pelas mesmas escamas do corpo. As cobras não venenosas têm cabeça arredondada e coberta por placas.
- As cobras venenosas têm cauda curta, que se afila bruscamente; as cobras não venenosas têm cauda longa, que se afila gradualmente.
- As cobras venenosas têm presas na parte anterior da boca. As cobras não venenosas têm dentes serrilhados.
- As cobras venenosas têm olhos grandes e pupilas como fendas verticais. As não venenosas têm olhos pequenos e pupilas arredondadas.
- As cobras venenosas têm um pequeno orifício entre os olhos e as narinas, a chamada fosseta loreal; as não venenosas não têm. Com exceção da cobra coral, que não tem fosseta loreal, mas é venenosa.
- As escamas das cobras venenosas são alongadas e pontudas, dando ao tato uma sensação de aspereza. As outras têm escamas miúdas e dão, ao tato, um aspecto liso e escorregadio.
- As cobras venenosas têm hábitos noturnos (embora também possam ser avistadas de dia).
- As serpentes inofensivas fogem quando ameaçadas; as peçonhentas não e assumem atitude de ataque (elas se enrolam e armam o bote).
Algumas cobras venenosas
Surucucu
(Lachesis muta)
A maior cobra venenosa da América do Sul, chegando a medir, quando adulta, 4,5 m. Encontrada na Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Responsável por cerca de 3% dos acidentes. Outras denominações: pico-de-jaca, surucutinga, surucucu- de-fogo, surucucu pico-de-jaca.
Cascavel
(Crotalus durissus)
Possui chocalho na ponta da cauda e chega a medir 1,6 m de comprimento. Preferem os campos abertos e regiões secas e pedregosas. Responsáveis por 8% dos acidentes ofídicos que ocorrem no País. Outras denominações: boicininga, maracabóia e maracambóia.
Jararaca (Bothrops jararaca) e Jararaca Pintada (Bothrops neuwiedi)
- Sua cauda é lisa. Quando adulta, seu tamanho varia entre 40 cm a 2 m. Existem mais de 30 variedades que apresentam diferentes cores e desenhos. São encontradas em todo o País e responsáveis por 88% dos acidentes registrados. Outras denominações: caiçaca, jararacuçu, cotiara, cruzeira, urutu, jararaca-do-rabo-branco, surucucurana.
Corais (Micrurus corallinus e Micrurus frontalis)
- Encontradas em todo o País, têm hábitos noturnos e praticam o canibalismo. Durante o dia descansam. Responsáveis por apenas 1% dos acidentes registrados. A coral é considerada a mais perigosa do Brasil, seu veneno age no sistema nervoso e pode levar uma pessoa a
morte em poucos minutos. Outras denominações: coral verdadeira e ibiboboca.
- Menos de 30% das cobras conhecidas no País são venenosas. As 70 espécies, divididas em dois grupos - Crotalíneos (Jararaca, Cascavel e Surucucu) e Elapíneos (Coral verdadeira) -, fazem perto de 20 mil vítimas por ano.
Cobras não venenosas:
jibóia
Sucuri
Caninana
Algumas imagens de acidentes botropicos:
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