A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Apresenta cura se for tratada em tempo oportuno e adequadamente.
A maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), área endêmica para a doença. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade mais elevada que na região endêmica.
Primeiros sintomas da malária
Os primeiros sintomas da malária que surgem de repente são intensa dor de cabeça, febre e calafrios e em poucas horas surgem:
- Dores por todo corpo;
- Fraqueza;
- Mal estar geral;
- Náuseas;
- Vômitos,
- Tremores fortes que podem durar de 15 minutos a 1 hora.
Estes sintomas manifestam-se em forma de surtos, assim, a pessoa começa a sentir mal e tende a ficar quieta tendo que descansar e em poucas horas, há uma sensação de alívio dos sintomas até que eles retornam de forma repentina após 2 a 3 dias. Os padrões da doença variam de acordo com o tipo de malária, se ela é malária maligna ou não, e as complicações podem ser fatais.
Sinais e sintomas de malária grave
Além dos sintomas acima citados, os sintomas de malária cerebral, que um tipo grave e complicado de malária, incluem:
- Rigidez na nuca;
- Desorientação;
- Sonolência;
- Convulsões;
- Vômito:
- Estado de coma.
A malária cerebral pode ser confundida com outras doenças como meningite, tétano, epilepsia e outras neurológicas.
Como saber se é malária?
O diagnóstico da malária é feito pelo médico com base num exame de sangue, um teste rápido, semelhante ao da glicemia que é feito no dedo e o resultado sai em poucos minutos.
Normalmente em locais onde a malária é frequente, quando a pessoa chega ao médico, posto de saúde, hospital ou centro de saúde e apresenta febre ou calafrios o teste rápido da malária é o primeiro a ser realizado.
Se o resultado indicar que realmente é malária o médico pode pedir outros exames como o de urina para verificar se existem complicações como hemorragia, por exemplo.
Como tratar a malária?
O tratamento é feito com internamento hospitalar, pois esta é uma doença grave e potencialmente fatal. Os remédios utilizados podem ser Artemeter e Lumefantrina ou Artesunato e Mefloquina. Crianças, bebês e grávidas podem ser tratadas com Quinina ou Clindamicina, sempre de acordo com as recomendações médicas.
Pessoas que vivem em locais onde essa doença é frequente podem pegar malária mais de uma vez, bebês e crianças são facilmente picados pelos mosquitos e por isso podem desenvolver essa doença várias vezes durante a vida. É importante lembrar que o tratamento deve ser iniciado o quanto antes porque podem existir complicações que podem levar a morte.
Medidas de proteção individual
As medidas de proteção individual têm como objetivo principal reduzir a possibilidade da picada do mosquito transmissor de malária.
- Usar cortinados e mosquiteiros e, de preferência os impregnados com inseticidas de longa duração, sobre a cama ou rede. Além de ser uma medida de proteção individual tem efeito de controle vetorial quando usado pela maior parte da comunidade envolvida.
- Usar telas em portas e janelas e, quando disponível, ar condicionado.
- Evitar frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas ao final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando.
- Diminuir ao mínimo possível as áreas descobertas do corpo onde o mosquito possa picar com o uso de calças e camisas de mangas compridas e cores claras.
- Usar repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida) ou de icaridina nas partes descobertas do corpo. Este também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e a frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo 3 vezes ao dia.
Imunização
O Grupo Estratégico Consultivo de Especialistas em Imunização (SAGE, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a continuação dos estudos sobre a vacina RTS,S contra a malária em ambientes de teste bem-monitorados.
Dadas as atuais características da vacina no que diz respeito a sua eficácia, as preocupações de segurança e, portanto, as condições muito limitadas para seu uso, MSF não vai implementar a vacina RTS,S em seus projetos.
Mesmo em condições ótimas em meio aos ensaios clínicos, nas quais crianças tomaram todas as doses necessárias, a proteção detectada da vacina contra a malária – principalmente contra a malária grave – foi muito limitada para justificar qualquer implementação. Além disso, os efeitos colaterais têm de ser melhor entendidos, e é preciso determinar se os potenciais benefícios superariam os potenciais danos.
A ampla maioria das áreas com altos índices de transmissão de malária estão localizadas em regiões com baixas taxas de vacinação infantil e sistemas de saúde fracos, o que impede a introdução bem-sucedida da vacina RTS,S fora de contextos de pesquisa controlados. Quando uma criança não pode receber as quatro doses quando atinge as idades apropriadas, a proteção é extremamente baixa.
Embora o fato de se ter finalmente uma vacina contra a malária possa ser considerado um bom começo, muito mais pesquisa se faz necessária para se ter um produto melhorado com condições de uso que se adequem àquelas das regiões onde mais se precisa da vacina.
Considerando que a vacina RTS,S contra a malária é, na melhor das hipóteses, efetiva em um a cada três casos, e demanda quatro doses, consideramos que a OMS fez uma recomendação racional e baseada nas evidências disponíveis acerca do uso limitado da vacina, mas pedindo cautela e monitoramento. Muitas das regiões com grande prevalência de casos de malária estão localizadas em contextos com poucos recursos e sistemas de saúde fracos. Por isso, a introdução da vacina RTS,S nessas áreas seria extremamente desafiadora, e demandaria a realocação intensa de recursos para a ampliação das atividades já existentes de tratamento e prevenção da malária’, afirma Micaela Serafini, diretora médica de MSF.
“Na medida em que saudamos os pesquisadores pelo desenvolvimento da primeira vacina contra a malária passível de teste em ensaio clínico de larga escala, a RTS,S não atende aos requisitos necessários para oferecer proteção adequada àqueles que mais necessitam. Agora, nós precisamos acelerar o investimento e o desenvolvimento de novas vacinas contra malária que sejam seguras, efetivas, acessíveis e fáceis de usar nas áreas de maior prevalência da doença”, adiciona a Dra. Micaela.
Tendo garantido os recursos para a fase inicial de desenvolvimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na quinta-feira (17) que a primeira vacina contra malária do mundo será lançada na África Subsaariana, e que campanhas de imunização terão início em 2018.
“O projeto-piloto da primeira geração da vacina é um marco na luta contra a malária”, disse Pedro Alonso, diretor do Programa Global contra a Malária da OMS, acrescentando que a iniciativa fornecerá evidências valiosas para a decisão de aplicar a vacina em larga escala.
De acordo com a organização, o programa-piloto irá avaliar a possibilidade de entregar as quatro doses necessárias de RTS,S; e analisará o impacto da vacina nas pessoas, assim como sua segurança no contexto de uso cotidiano. Além disso, analisará os efeitos protetivos da vacina em crianças de até 17 meses.
A OMS também enfatizou que a vacina sozinha não é uma ferramenta absoluta de prevenção à malária, mas deve ser complementar a outras iniciativas, incluindo redes de proteção contra mosquitos, inseticidas, tratamento preventivo para crianças e durante a gravidez, diagnóstico rápido, entre outros.
Controle vetorial
As atividades de controle vetorial de malária são complementares ao diagnóstico e tratamento. O controle vetorial deve ser desenvolvido, preferencialmente, na esfera municipal e tem como objetivo principal reduzir o risco de transmissão, prevenindo a ocorrência de epidemias, com a consequente diminuição da morbimortalidade.
O risco de transmissão pode ser estimado pela taxa de inoculação entomológica (EIR) que é calculado pelo número de picadas infectantes num determinado período. Para isso, é necessário ter dados de infectividade de mosquitos e o índice de picada/homem/hora. A redução do EIR é um bom indicador da efetividade das ações de controle vetorial em conjunto com o tratamento adequado e oportuno.
Deve-se analisar a capacidade operacional instalada no município para as atividades de controle vetorial que se pretende realizar e, baseado nela, definir em quantas localidades prioritárias é possível fazer controle vetorial e, no caso do controle químico ou biológico, seguindo todos os critérios de periodicidade, qualidade e cobertura.
A seleção de intervenções deverá se basear em determinantes definidos e dependerá da possibilidade de cumprir os requisitos e as indicações necessárias para que a ação de controle seja eficaz. A possibilidade de usar duas ou mais ações de controle de modo simultâneo deve ser considerada sempre que indicado e operacionalmente possível.
Todas as informações a respeito das atividades de controle vetorial devem ser registradas nas fichas do Sistema de Informação e Controle de Vetores (Vetores-Malária) e digitadas no sistema.
- Manejo integrado de vetores
- Controle químico de vetores adultos
- Borrifação intradomiciliar
- Mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração (MILD)
- Nebulização espacial
- Controle larvário
- Especificidades da região Extra-amazônica
Ações dos ACE e ACS
É preciso que a população e os profissionais de saúde, juntos, desenvolvam ações capazes de controlar a malária. Nesse âmbito, destaca-se o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE), já que eles conhecem a rotina das comunidades, convivem com os problemas e sentem de perto as dificuldades em lidar com as endemias.
Dessa forma, na atenção primária, os profissionais precisam planejar em conjunto suas ações para que os resultados apareçam e o controle da doença se estabeleça de forma positiva.
Articulando-se com os demais níveis, de média e alta complexidade, as unidades básicas de saúde se integram às ações de prevenção e controle de malária. Estas ações envolvem a informação, a educação e a comunicação, assim como ações de controle de vetores, diagnóstico e tratamento ambulatorial e hospitalar.
O trabalho dos agentes realizado junto à população deve ser o ponto de partida para uma atenção integral de saúde mais efetiva, ampliando-se a capacitação desses profissionais no desenvolvimento de ações de informação, educação, prevenção e assistência nas comunidades em que atuam.
Portanto, esses agentes têm papel fundamental para o controle da malária, já que podem ajudar a comunidade a compreender a cadeia de transmissão da doença e as medidas para interrompê-la.
Ações de educação em saúde
O objetivo deste componente no PNCM é promover consciência crítica, na sociedade, a respeito do problema da malária, possibilitando o planejamento e a execução de ações, de acordo com a realidade local. Quanto mais informada estiver a população, maior será a possibilidade de participar ativamente dos esforços para controle da doença. O desafio é diminuir os casos recorrentes e oferecer qualidade de vida aos cidadãos brasileiros, com redução das perdas sociais e econômicas causadas pela malária.
Várias técnicas pedagógicas podem ser utilizadas, tanto para educação em saúde coletiva (teatro, música, imprensa falada, escrita, entre outras), quanto individual (cartilhas, folders e outros).
Por meio da informação de qualidade e oportuna sobre a doença e sua transmissão, é possível promover a mobilização de entidades, governos, da própria população e lideranças locais para realização e intensificação de ações impactantes como, por exemplo: i) adoção de medidas de prevenção individuais e coletivas; ii) manuseio correto e manutenção dos MILDs; iii) procura imediata pelo diagnóstico logo após o início dos primeiros sintomas; iv) realização do tratamento completo e adequado, seguindo os esquemas e horários recomendados; v) realização de exames de controle de cura após conclusão do tratamento; vi) aceitação da borrifação intra domiciliar de acordo com a indicação e programação dos serviços de saúde; vii) articulação com os demais setores envolvidos no controle de malária além do setor saúde.
É importante lembrar que as ações de educação em saúde e mobilização social (ESMS) sejam absorvidas não somente pelos organismos sociais e a população, mas também pelos serviços de saúde, para que cada agente comunitário de saúde, agente de endemias e outros profissionais de saúde sejam potenciais educadores e multiplicadores que possam levar a informação de qualidade e adequada em toda oportunidade que mantiverem contato com a sociedade.
Fontes:
www.saude.gov.br/malaria
portalsaude.gov.br
nacoesunidas.org