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"Confie no Senhor e faça o bem, assim habitará a terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e Ele atenderá os desejos de seu coração.Entregue seu caminho ao Senhor; confie nEle e Ele agirá."

Salmos 37:3-5


terça-feira, 3 de março de 2015

Acidente Vascular Cerebral ( AVC)


O AVE é uma ameaça à qualidade de vida na velhice não só pela sua elevada incidência e mortalidade, mas também pela alta morbilidade que causa, implantando-se frequentemente em pessoas já com problemas físicos e/ou mentais, Também afeta na sua maioria aos idosos, mas existe uma percentagem de 20% dos AVE’s que ocorre em indivíduos abaixo dos 65 anos. É uma patologia que atinge mais a raça negra, especialmente a faixa etária mais jovem.


O AVE anteriormente chamado de AVC resulta da deficiência de irrigação sanguínea ao cérebro, causando gravíssimas lesões celulares e danos nas funções neurológicas levando a vitima muitas vezes ao óbito ou sequelas em sua maioria irreversível.

É uma manifestação, muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de origem arterial: espasmo, isquemia, hemorragia, trombose.


Os tipos de acidente vascular cerebral são:

- Isquêmico (AVEI) – É o tipo mais comum, responsável por 80 % dos casos. Os sintomas surgem de repente e dependem da área afetada. No acidente isquêmico transitório, os sintomas são passageiros.

- Hemorrágico (AVEH) – Representa 20 % dos casos. Seus sintomas incluem dor de cabeça muito forte, que surge de repente e pode vir acompanhada de perda de força e sonolência.



E os subtipos são:

-      Isquêmico: (lacunar trombótico e embólico) - Ocupa 40% dos AVE’s e é causado pela aterosclerose (placa de gordura na parede arterial) – trombose cerebral. Há o desenvolvimento de um trombo (coágulo de sangue) no interior das artérias cerebrais ou dos seus ramos, originando infarto ou isquemia. Já o embólico ocupa 30% dos AVE’s e é criado por êmbolos cerebrais. São pequenas porções de matéria como trombos, tecido, gordura, ar, bactérias ou outros corpos estranhos, que são liberados na corrente sanguínea e que se deslocam até às artérias cerebrais, produzindo oclusão ou enfarto (doenças cardiovasculares). Enquanto que o lacunar ocupa 20% dos AVC’s e é ocasionado por enfartes muito pequenos com menos de 1 cm cúbico de tamanho, que ocorrem somente onde arteríolas perfurantes se ramificam diretamente de grandes vasos. É comum o défice motor puro ou sensitivo puro.

-      Hemorrágico: (cerebral (intracerebral) e meníngeo (subaracnóíde)) - Acontece em 10% dos AVE’s e ocorre devido à ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele se rompa devido à hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnóidea. Em ambos os casos, a falta de suprimento sanguíneo causa enfarto na área suprida pelo vaso e as células morrem.

As causas mais comuns são os trombos, embolismo e a hemorragia.

Apresenta-se como a 2ª causa de morte no mundo. O AVE é a principal causa de incapacidade neurológica dependente de cuidados de reabilitação e a sua incidência está relacionada com a idade.

As manifestações clínicas subjacentes a esta condição incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva, da linguagem, embora o quadro neurológico destas alterações possa variar muito em função do local e extensão exata da lesão.


Sinais e sintomas:

-      Dormência e fraqueza
-      Confusão ou alteração no estado mental
-      Problemas com a fala
-      Distúrbios visuais
-      Dificuldades em caminhar, tonteira, perda de equilíbrio ou coordenação motora
-      Cefaleia intensa súbita
-      Vômitos
-      Crises convulsivas

Os fatores de risco aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVE, no entanto, muitos deles podem ser minimizados com tratamento médico ou mudança na qualidade  de vida. Os principais fatores de risco para a manifestação de um AVE são: idade, patologia cardíaca, a diabetes mellitus, aterosclerose, hereditariedade, raça, contraceptivos orais, antecedentes de acidentes isquêmicos transitórios (AIT) ou de acidentes vasculares cerebrais, hipertensão arterial, dislipidemia, sedentarismo, elevada taxa de colesterol ( HDL e LDL ) e predisposição genética.

Quanto maior for o número de fatores de risco maior será a probabilidade de este vir a ter um AVE.

Quando a lesão é no Hemisfério Esquerdo (Hemiplegia Direita) ocorrem afasias, apraxias ideomotoras e ideacionais, alexia para números, descriminação direito-esquerda e lentidão em organização e desempenho.

Quando é no Hemisfério Direito (Hemiplegia Esquerda) ocorre alteração viso espacial, auto negligência unilateral esquerda, alteração da imagem corporal, apraxia de vestuário, apraxia de construção, ilusões de abreviamento de tempo e rápida organização e desempenho.

A sintomatologia depende da localização do processo isquêmico, do tamanho da área isquêmica, da natureza e funções da área atingida e da disponibilidade de um fluxo colateral.

As principais sequelas provenientes de um AVE são os défices neurológicos que se vão refletir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, como consequência da localização e da dimensão da lesão cerebral, podendo apresentar como sinais e sintomas perda do controlo voluntário em relação aos movimentos motores, sendo a disfunção motora mais comum, a hemiplegia (devido a uma lesão do lado oposto do cérebro); a hemiparesia ou fraqueza de um lado do corpo é outro sinal.

Existindo assim um comprometimento ao nível das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e cognitiva/comportamental.

Função Sensorial:

A sensibilidade frequentemente sofre prejuízos, mas raramente está ausente do lado hemiplégico. São comuns as perdas proprioceptivas, exercendo significativo impacto sobre as habilidades motoras. Também são comuns a perca do tato superficial, dor e temperatura, contribuindo para uma disfunção perceptiva geral e para o risco de autolesões.

O (a) enfermeiro (a) deve avaliar o paciente utilizando também a escala de Cincinati.
Interpretação da escala:
1 achado = 72 % de avc
2 achados = 85 % de avc


O diagnostico inicial é feito através de tomografia computadorizada sem contraste, realizado em caráter de emergência, visando determinar se o evento é isquêmico ou hemorrágico.

Tratamento:

Em geral, o tratamento inclui reabilitação física, dieta e fármacos para reduzir os fatores de risco, e em alguns casos, cirurgia (endarterectomia - retirada da placa aterosclerótica da artéria carótida) e cuidados que ajudem ao cliente a adaptar-se a déficits específicos. Os fármacos utilizados são:
- Anticonvulsivantes como fenobarbital ou fenitoína;
- Emolientes fecais, para evitar esforço ao defecar;
- Corticóides para diminuir o edema cerebral;
- Anticoagulantes como heparina, warfarina, e acido acetilsalicílico (AAS) em AVC relacionado a trombo ou embolo;
- Analgésicos em caso de cefaleia por AVC hemorrágico;
- Dipiridamol que reduz a agressão plaquetária.

Novos tratamentos:

Atualmente existem mais novidades na prevenção e tratamento do tipo mais comum de derrame (AVC), o isquêmico, causado pela obstrução do aporte de sangue para o cérebro:
- Stent: A mesma prótese utilizada para a desobstrução das artérias coronárias é usada com sucesso para o desentupimento da artéria carótida, a principal responsável pelo transporte de sangue para o cérebro.

- Merci Retriever: Um cateter com uma estrutura espiralada na ponta funciona como uma espécie de saca-rolhas, na retirada de coágulos que obstruem as artérias cerebrais.

- Doppler transcraniano: Trata-se de um exame de ultrassom capaz de fotografar o cérebro. Pesquisas recentes sugerem que o exame, que usa ondas sonoras para fazer imagens do cérebro, pode ter efeito terapêutico quando associado a medicamentos, para dissolver os coágulos.

- Transplante de células tronco: Células tronco retiradas da medula do próprio paciente e, colocadas na região cerebral afetada pelo derrame, poderiam reduzir a morte de neurônios na área afetada. O primeiro transplante desse tipo foi feito com sucesso no Brasil.

Alguns cuidados que a pessoa que já passou por um AVC, pode ter para tentar, se possível, evitar um novo derrame:

 - Diminuir a ingestão de sal.
 - Consultar um nutricionista para indicar uma dieta específica para quem já  teve AVC.
 - Verificar se possível, diariamente a sua pressão arterial.
 - Manter sob controle a taxa de colesterol.
 - Se tiver problemas cardíacos, deve consultar o cardiologista regularmente. 
 - Evitar aborrecimentos.
 - Parar de fumar.
 - Evitar o stress.
 - Fazer check-up regularmente.
 - Manter períodos de repouso.
 - Andar regularmente caso não haja  restrições médicas ou físicas.
 - Faz-se uso de medicação tomar regularmente conforme prescrição médica.
 - Se sentir os sintomas parecidos com o primeiro AVC, mantenha  a calma,  sente-se, informe ou telefone a uma pessoa próxima o que está  acontecendo, e se possível ligue para o médico que o acompanha; se for  indicado siga para o hospital, nunca sozinho, sempre acompanhado e  informe ao plantonista o seu histórico médico.

Obs: A recorrência de um novo AVC pode ser prevenida se a pessoa estiver sempre atenta aos fatores de risco que podem desencadear um novo AVC. Consultando o seu neurologista regularmente você pode  evitar  muitos problemas e em muitos casos quando se tem um novo AVC  as complicações e as sequelas são muito mais graves. 

Assistência a paciente com sequelas de AVC:

·         Fisioterapia: para melhorar a mobilidade; realização de exercícios; melhora da postura.
·         Fonoaudiologia: para melhorar os distúrbios da fala.
·         Se o paciente ainda é incapaz de andar, deve-se providenciar uma cadeira de rodas e ensinar o paciente a utilizá-la.
·         Apoio psicológico é fundamental.
·         Orientar à família quanto à necessidade de centro de reabilitação.
·         Consultar regulamente o neurologista.
·         Apoio psicoterápico.
·         Incentivar o paciente a tornar-se autossuficiente.
·         Providenciar uma bengala ou um apoio para que o paciente deambule.
·         Manter o ambiente calmo e agradável.
·         Tente trabalhar com sinais caso o paciente não consiga se expressar.
·         Pedir aos familiares para que não façam perguntas sobre a doença.

Obs.: O enfermeiro ou o técnico em enfermagem deverá preparar o paciente para cirurgia (endarterectomia) caso haja indicação.

Cuidados com o paciente de AVC no seu domicílio:

·         Devem-se instalar barras de segurança no banheiro e no chuveiro.
·         Caso o paciente fique com dificuldade ao andar, devem-se instalar barras de segurança no corredor.
·         Colocar grades de segurança na cama, caso haja necessidade. 
·         Retirar tapetes para evitar acidentes, muitos pacientes têm dificuldade de locomoção. 
·         Providenciar um quarto na parte baixa da casa, caso o quarto do paciente fique no andar superior da casa, para que se evitem acidentes ao descer e subir a escada.
·         Orientar as crianças da casa sobre as novas condições do familiar.
·         Se houver a necessidade do paciente se locomover em cadeira de rodas, deve-se adaptar a casa à nova condição.
·         Caso o acesso a casa ou apartamento tenha que ser feito através de escada com muitos degraus, deve-se ver a possibilidade de mudança de casa. A pessoa que teve um AVC não deve se possível, subir muitos degraus.

Prescrição de Enfermagem
1- Realizar exercícios passivos nos membros afetados. Fazer os exercícios lentamente, para permitir que os músculos tenham tempo de relaxar e apoiar extremidades acima e abaixo da articulação para prevenir lesões nas articulações e nos tecidos;
2- Durante os exercícios, os braços e as pernas do cliente devem ser movimentados delicadamente no limite de sua intolerância à dor e realizar o exercício lentamente, permitindo o relaxamento muscular;
3- Ensinar o cliente a realizar exercícios ativos nos membros não afetados, no mínimo quatro vezes por semana;
4- Apoiar as extremidades com travesseiros, para evitar ou reduzir o edema;
5- Posicionar em alinhamento para prevenir complicações. •Usar apoio para os pés;
• Evitar períodos prolongados sentado ou deitado na mesma posição;
•Mudar a posição das articulações do ombro a cada 24 horas;
•Apoiar a mão e o punho em alinhamento natural;
•Usar talas de mão e pulso.
6- Proporcionar mobilização progressiva;
• Auxiliar lentamente para a posição sentada;
• Permitir que as pernas fiquem suspensas sobre a lateral da cama por alguns minutos antes de ficar em pé;
• Limitar em 15’, três vezes por dia as primeiras saídas da cama;
• Aumentar o tempo fora da cama em 15’ conforme o tolerado;
• Evoluir para a deambulação com ou sem auxílio;
• Encorajar a deambulação por períodos curtos e frequentes;
• Aumentar progressivamente as caminhadas a cada dia.
7- Programar as precauções de segurança;
• Proteger as áreas com sensibilidade diminuída dos extremos de frio e calor;
• Orientar quanto às complicações da imobilidade:
-Flebite;
-Escara de decúbito;
-Comprometimento neuro vascular.
8- Auxiliar nos cuidados diários como higiene geral, vestir-se, alimentar se.
9 – Administrar medicações conforme prescrição medica;
10 – Aferir sinais vitais.

Enfermagem é a arte de cuidar e a ciência cuja essência e especificidade são o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde.

Mais uma vez espero ter ajudado com estas informações. Um abraço e até a próxima postagem!


     

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